Companhia aérea causa polêmica ao adotar crachá tóxico anti-COVID nos uniformes

A maior companhia aérea da Zâmbia, na África, a Mahogany Air, tem causado polêmica ao divulgar a informação de que a sua tripulação passou a utilizar em suas roupas uma tecnologia que purifica o ar ao redor e elimina o novo coronavírus. A novidade tem sido fortemente atacada por entidades de diferentes países pela total ausência de evidências científicas que embasem o argumento “anti-COVID”.

O adereço, que é uma espécie de crachá tecnológico adicionado aos uniformes dos comissários, tornaria o ambiente livre de impurezas pelo período de 30 dias e seria ideal para uso em ambientes fechados, como aviões. Nas redes sociais oficiais da Mahogany Air, a empresa explicou que o acessório é uma tecnologia antivírus de purificação do ar ao redor de qualquer passageiro ou membro da tripulação que o use.

A última moda

A novidade foi amplamente divulgada na imprensa local pela companhia como sendo a última moda na Europa e no Oriente Médio. Segundo o jornal, The Zambian Sun, a Emirates já adota a tecnologia como forma de proteção de tripulantes e passageiros nos voos. O presidente da companhia, Jim Belemu, disse ao jornal que a medida vinha ao encontro do objetivo de garantir os elevados padrões internacionais de saúde a funcionários e clientes.  “Há ainda um grande número de pessoas fazendo viagens aéreas. É nosso dever, como uma companhia aérea, garantir que os padrões de saúde sejam mantidos nos mais elevados níveis internacionais”, disse ele.

A Emirates não apenas não utiliza tal recurso nas suas operações, como em nenhuma parte do mundo se tem notícia que qualquer mecanismo do tipo com respaldo científico.

A Mahogany Air iniciou a utilização dos dispositivos pela tripulação de cabine no final de julho. A empresa informou que se tratava de uma medida adicional de proteção contra o coronavírus, e que seria utilizado em paralelo a medidas tradicionais, como máscaras, luvas e lavagem frequente das mãos.

Só que não

Segundo informações do Paddle Your Own Kanoo, o caso teve repercussão negativa no setor aéreo e na comunidade científica internacional. Outros produtos semelhantes foram proibidos ao redor do mundo porque, além de não proteger contra a COVID-19, pode oferecer riscos para a saúde dos usuários. Muitos mecanismos alegadamente protegidos contra o novo coronavírus possuem na composição dióxido de cloro, uma substância altamente corrosiva que pode causar irritação respiratória e ocular severa.

Em abril, a Food and Drug Administration (FDA), agência que regula a comercialização de Alimentos e Remédios nos Estados Unidos, disse que os produtos  que contêm dióxido de cloro não foram comprovados como seguros e eficazes para evitar o COVID-19. Diante das críticas, a companhia apagou os posts sobre a medida das redes sociais e retirou a informação do seu site.

Post da companhia na suas redes sociais

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

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