Companhia aérea que pertenceu à VASP poderá voltar a voar em breve

Foto de Paul Ricther via Wikimedia Commons

O ministro das Obras Públicas da Bolívia, Iván Arias, disse ao periódico Los Tiempos que se reuniu com representantes do Lloyd Aéreo Boliviano (LAB) e disse que não está descartada a possibilidade de apoiar o retorno da clássica empresa aos voos comerciais e que não fecha as portas para uma “concorrência saudável”. Durante a década de 1990, o LAB já pertenceu à Viação Aérea São Paulo (VASP).

“Eu me encontrei com eles. Este é um governo de portas abertas. Estamos conversando com o LAB. Incentivamos tudo o que é para o bem do país, promovendo a concorrência no âmbito da legalidade, restaurando a lei e a confiança do Estado”, disse Arias, ao final da inauguração de um prédio administrativo para a BoA, nas instalações que o LAB reivindica como próprias.

Uma carta publicada pelo administrador geral do LAB, Orlando Nogales, solicitou nos últimos dias, ao atual Governo Transitório, apoio para que essa linha retornasse a voos comerciais. A carta explica que a empresa pode pagar suas dívidas aos administradores do fundo de pensão (AFP) e os impostos nacionais, e por isso eles pediram para se reunir com o governo com intuito de obter a licença de voo novamente.

Uma fonte não oficial do governo também indicou que é possível que a presidente interina, Jeanine Áñez, se encontre nesta segunda-feira com os representantes do LAB.

Em relação aos possíveis problemas econômicos do LAB, Arias indicou que a justiça deve definir essa situação.

foto de Kambui via Wikimedia Commons

Os 27 terminais

Em contato com essa mídia, Nogales disse que o Lloyd possui 27 aeroportos na Bolívia, o que significa uma herança que excede US$ 1 bilhão. O executivo disse que a dívida com o Servicio de Impuestos Nacionales (SIN) expirou e que o LAB atualmente deve apenas 30 milhões de dólares às AFPs e outros 30 milhões aos ex-trabalhadores.

Arias explicou que, em um acordo de 1951, o Estado reconhece que os 27 terminais aeroportuários pertencem ao LAB e as pistas ao Estado. Ele explicou que o governo anterior não reconheceu a propriedade do LAB, mas que o problema seria mais político, de proteção à BoA, segundo ele.

O LAB diz que sua dívida é de apenas 60 milhões de dólares e que pode pagar com seus terminais aeroportuários

Já foi da VASP

O Lloyd Aéreo Boliviano (abreviado LAB) foi a transportadora de bandeira e principal companhia aérea da Bolívia de 1925 até o fim das operações em 2010. Antes de sua morte, estava sediada em Cochabamba e tinha seus principais hubs em La Paz e Santa Cruz de la Sierra. 

A partir de 1994, o Lloyd Aéreo Boliviano passou a enfrentar crescentes dificuldades financeiras. Como consequência, o governo boliviano preparou a privatização da companhia aérea e começou a negociar com potenciais compradores. Em 19 de outubro de 1995, a companhia aérea brasileira VASP adquiriu pouco mais de 50% das ações da LAB, garantindo seu controle. Em um esforço para reduzir custos, a VASP fez uma fusão completa das duas companhias aéreas. 

Em 2001, a VASP passava por uma crise e acabou vendendo suas ações na LAB de volta a investidores bolivianos.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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