A CEO da KLM Royal Dutch Airlines, Marjan Rintel, levantou preocupações sobre o que ela considera uma competição desigual imposta pelas companhias aéreas chinesas, apelando para que a Comissão Europeia implemente medidas financeiras que ajudem as transportadoras europeias a competir de forma mais efetiva.
Durante uma entrevista ao programa de televisão holandês “WNL Op Zondag,” Rintel destacou que, ao contrário das companhias aéreas europeias que enfrentam restrições no uso do espaço aéreo russo devido à guerra na Ucrânia, as transportadoras chinesas ainda podem operar sobre essa rota, o que lhes permite economizar tempo, reduzir custos com combustível e, consequentemente, oferecer tarifas mais baratas.
Rintel mencionou que essa diferença nas rotas pode economizar de duas a quatro horas de voo, um fator que, segundo ela, se reflete diretamente nos preços. “Os custos são, claro, mais altos para nós”, afirmou a executiva, enfatizando a urgência de um equilíbrio nas condições de competição no setor.
Assim como a Lufthansa, que recentemente fez apelos semelhantes à União Europeia, Rintel solicitou a Bruxelas que tome medidas para equalizar as condições de concorrência para as companhias aéreas europeias. “A Europa pode ao menos verificar como podemos evitar esse campo de jogo injusto ajustando preços ou adotando uma nova perspectiva”, disse.
A declaração de Rintel veio na esteira do anúncio da KLM sobre um pacote de austeridade, divulgado em 3 de outubro, que visa melhorar os resultados operacionais em EUR 450 milhões a curto prazo, além de atingir uma margem de lucro estrutural acima de 8% até 2026-2028. Essa decisão foi impulsionada pelo aumento dos custos com equipamentos, pessoal e taxas de aeroportos.
Ela observou que a situação da KLM contrasta com a performance mais favorável de sua irmã, a Air France. As medidas que serão introduzidas buscam aumentar a produtividade da mão de obra, lidar com a escassez de pilotos, considerar a terceirização da manutenção devido à falta de pessoal técnico, adiar investimentos não essenciais, aprimorar os produtos a bordo e reorganizar os serviços e treinamentos de voo.
A CEO assegurou que o plano de austeridade não transformará a KLM em uma companhia aérea de baixo custo. Embora os passageiros agora tenham que pagar por comida e bebida em voos europeus, Rintel argumentou que essa mudança foi impulsionada pela demanda dos clientes por mais opções, e não por uma alteração na qualidade do serviço.