Confirmado que o A320 raspou a cauda na pista para evitar outro avião que chegava de frente; veja vídeo a bordo

Airbus A320 semelhante ao envolvido – Imagem: Tomás Del Coro / CC BY-SA 2.0, via Flickr

Na semana passada, vimos que no dia 22 de janeiro um Airbus A320 da companhia aérea Jetblue, registrado sob a matrícula N760JB, sofreu um “tail strike” (contato da cauda com a pista) quando estava partindo no voo B6-1748 de Hayden para Fort Lauderdale, ambas cidades nos Estados Unidos.

Agora, novas informações surgiram, incluindo foto, relatos de passageiros e até um vídeo gravado por um dos viajantes, conforme você acompanha e assiste abaixo nesta matéria.

Recapitulando

Naquela ocasião, conforme relatou o The Aviation Herald, apesar a ocorrência de “tail strike”, os pilotos continuaram a subida normalmente, até os 31 mil pés de altitude (9,45 km), quando o Centro de Controle de Denver encaminhou-lhes uma mensagem informando que foi observado o contato de cauda do jato na pista durante a decolagem.

Os pilotos decidiram desviar para Denver, onde a aeronave pousou na pista 35R sem mais incidentes cerca de 45 minutos após a partida de Hayden, mas, uma inspeção constatou que a aeronave sofreu danos substanciais. Ela permanece em solo até a publicação desta matéria, mais de uma semana após o incidente.

Até aquele momento, não havia mais detalhes conhecidos, além do fato de que um bimotor Beechcraft King Air 350 estava se aproximando da pista 28 (cabeceira em direção oposta da mesma pista da decolagem do A320) no momento da partida. Isso levantou a suposição de que o A320 da Jetblue poderia ter sofrido a colisão de cauda como resultado de uma manobra para evitar o risco diante da aeronave que se aproximava de frente.

De acordo com os dados FAA ASDI (dados de rastreamento de radar), o Beechcraft 350 registrado sob a matrícula N350J, chegando de Fort Smith, de fato estava se aproximando da pista 28 de Hayden no momento da ocorrência e pousou às 11:58 locais (19:58Z), pouco mais de 100 segundos após a partida do A320.

O avião comercial chegou a fazer um desvio para a direita após ter deixado o solo, conforme você acompanha no vídeo a seguir, que reproduz as trajetórias dos dois voos, captadas pelas plataformas de rastreamento online:

O Yampa Valley Airport de Hayden possui uma pista de 3.048 metros de comprimento a uma altitude de 2.010 metros. O aeroporto não possui torre de controle, sendo utilizada uma frequência de comunicação direta entre os pilotos.

Novas informações

Entre as novas informações que surgiram ao longo dos últimos dias, está a imagem a seguir, que mostra a extensão dos danos sofridos pela parte inferior da cauda do jato em decorrência do contato com a pista.

Danos sofridos pelo A320 no incidente

Nota-se que o atrito foi bastante intenso, gerando grande desgaste e perda de rebites e de ao menos uma estrutura presa exteriormente à região.

Além disso, o vídeo a seguir, gravado por um dos passageiros daquele voo, mostra que, ao menos para quem estava naquele local do avião, houve um grande solavanco quando aconteceu o contato da cauda com a pista. Não há informações que confirmem se os pilotos sentiram algo parecido ou tão intenso no cockpit.

Por fim, segundo o The Aviation Herald, passageiros relataram que o comandante anunciou cerca de 20 minutos após a partida (na hora em que foi iniciada a descida para Denver) que eles precisaram evitar outra pequena aeronave que se aproximava na direção oposta, e que estavam desviando para Denver.

Adicionalmente, tomou-se conhecimento de que as condições meteorológicas daquele momento eram de céu encoberto (“overcast”) com nuvens a 500 pés (150 metros), sendo que, no momento em que o A320 deixou o solo, o Beech 350 estava a 2,85 milhas náuticas (5,3 km) da cabeceira 28 em sua descida, cruzando cerca de 900 pés (274 metros) em relação ao solo.

Portanto, possivelmente, não havia contato visual entre as aeronaves, mas apenas as indicações dos instrumentos para identificação de tráfegos.

Até o momento da publicação desta matéria, não tomamos conhecimento de comunicados oficiais apresentados pela empresa aérea ou pelos órgãos de aviação dos Estados Unidos a respeito da grave ocorrência.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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