Confusão à Italiana: Excesso de envolvidos atrapalha privatização da ITA Airways

Imagem: Styyx / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia

O governo da Itália tenta fechar um acordo para vender a companhia aérea estatal ITA Airways até meados de junho deste ano. No entanto, a proliferação de interessados e conselheiros envolvidos no processo de privatização tem causado conflitos na operadora e pode comprometer o prazo estabelecido para o processo.

De acordo com um decreto editado em fevereiro, o governo italiano pretende privatizar a ITA Airways por venda direta ou oferta pública, mas mantendo uma participação minoritária não controladora. Segundo a agência Reuters, o governo liderado pelo primeiro-ministro Mario Draghi tem como meta o início do próximo verão europeu para alienar sua participação majoritária na sucessora da Alitalia.

Confusão

A Lufthansa e a gigante de cruzeiros e transporte marítimo MSC manifestaram interesse em comprar uma participação majoritária na companhia aérea, pedindo um período de exclusividade de 90 dias. O governo, contudo, insistiu em um acordo de mercado, procedimento baseado para encorajar outros possíveis pretendentes.

De acordo com relatos da mídia local, a Air France-KLM e a Indigo Partners também estão interessadas. A Delta Air Lines  disse que deseja aprofundar os laços com a ITA Airways, mas não deixou claro se está verdadeiramente interessada em adquirir uma participação.

Uma terceira fonte disse à Reuters que o Departamento do Tesouro da Itália, parte do Ministério da Economia e Finanças, instruiu consultores que contratou para revisar manifestações de interesse e elaborar uma lista de pretendentes que serão admitidos na “sala de dados” (acesso a dados financeiros e de gestão confidenciais da empresa)

Na semana passada, o Tesouro escolheu o Equita, um banco de investimento italiano, e Gianni & Origoni, um escritório de advocacia, para serem seus consultores financeiros e jurídicos, respectivamente. Mas a companhia aérea já havia escolhido, no final de janeiro, os bancos de investimento JPMorgan Chase e Mediobanca e os escritórios de advocacia Grande Stevens e Sullivan & Cromwell para auxiliar no processo.

O diário La Stampa noticiou em 30 de março, citando fontes, que esse número cada vez maior de consultores estava entre os motivos da renúncia de seis diretores do conselho do ITA: Lelio Fornabaio, Alessandra Fratini, Simonetta Giordani, Cristina Girelli, Silvio Martuccelli e Ângelo Piazza. O presidente Alfredo Altavilla, o CEO Fabio Lazzerini e a conselheira Frances Ouseley, ex-Alitalia e easyJet , permanecem no conselho.

Os diretores teriam se oposto ao gasto de milhões de euros no que poderia se tornar rodadas de aconselhamento duplicadas ou conflitantes sobre uma questão tão sensível de importância nacional, disse o jornal, acrescentando que vários diretores restantes do ITA pediram a revogação da resolução de janeiro.

Fabio Farias
Fabio Farias
Jornalista e curioso por natureza. Passou um terço da vida entre aeroportos e aviões. Segue a aviação e é seguido por ela.

Veja outras histórias

Unindo aviação civil e policial, HeliXP terá a 1ª Conferência de...

0
Estão confirmadas as participações de palestrantes das Unidades de Aviação Policial do Paraguai, da Polícia Militar de São Paulo, da Polícia