Conheça o Embraer Bandeirante que virou Poseidon, o ‘fiscal ambiental’ do Brasil

O Bandeirante com equipamentos na barriga – Imagem: Fototerra

Desenvolvido e fabricado no Brasil pela Embraer em 1987, um avião Bandeirante do modelo EMB-110P1 foi transformado para se tornar um verdadeiro “fiscal aéreo ambiental” do Brasil e até de outros países.

Retrofitado pela empresa brasileira Fototerra, o bimotor turboélice registrado sob a matrícula PT-SHO, e que é conhecido por sua denominação “Poseidon” nos aplicativos de radar e na fonia de rádio, já executou até hoje aproximadamente 850 missões, em cerca de 3 mil horas de voo, monitorando o meio ambiente tanto brasileiro, quanto de outros países em missões de rotina e em missões de emergência.

“Foram produzidos 498 aviões Bandeirante entre 1973 e 1991 no Brasil. Muitos foram vendidos para a Força Aérea Brasileira e forças armadas de outros países. O nosso avião é de 1987, foi adquirido em 2015 e promovemos a instalação de sistemas críticos a bordo. Hoje, ele atua no monitoramento ambiental no Brasil e no exterior, com foco na identificação de vazamentos de óleos e de pontos de pesca ilegal”, explica Guilherme Brechbuhler, CEO da Fototerra.

Imagem: Fototerra

Equipamentos no interior do Bandeirante – Imagem: Fototerra

Originalmente, aviões do modelo Bandeirante eram utilizados para o transporte de passageiros, carga, busca, salvamento e reconhecimento fotográfico. Ao adquirir sua aeronave, a Fototerra a adaptou para missões de captura de dados ambientais, focando no monitoramento costeiro, em processo que durou cerca de dois anos, da concepção e estudos à implantação definitiva na aeronave.

“Fizemos um projeto de engenharia de modificação, que foi submetido ao corpo de engenharia da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Após a avaliação e a aprovação do projeto, fizemos sua instalação na aeronave. Por fim, executamos ensaios em voo, até que a aeronave foi autorizada a entrar em operação em 2016”, explica Brechbuhler.

Atualmente a aeronave é amplamente utilizada por órgãos ambientais brasileiros e licenciada para realizar missões de emergência no mercado norte-americano.

Como são as missões 

O Bandeirante está disponível 24 horas por dia, nos sete dias da semana, para missões de monitoramento ambiental. Após acionada, em no máximo duas horas a aeronave já está no ar, sobrevoando as regiões sensibilizadas.

Após o desenho da rota de sobrevoo e a elaboração de um documento com as informações da missão, é selecionada a tripulação, sempre com quatro elementos: piloto, copiloto, operador de sistemas críticos e um observador. As missões duram cerca de 4 horas, em média.

Câmera na barriga do Bandeirante – Imagem: Fototerra

Central de controle e processamento a bordo do avião – Imagem: Fototerra

Universidade Estadual de Campinas registrada pela Fototerra – Imagem: Fototerra

Os sistemas a bordo têm capacidade de leitura das informações coletadas, processamento e interpretação de dados e transmissão dessas informações ainda durante o voo para as salas de controle e emergência. A aquisição de dados é possível em voos de múltiplas altitudes, variando de 1.000 a 3.000 pés (cerca de 300 a 900 metros).

Sobre o Bandeirante

Segundo a Embraer, em seu site oficial, desde a sua criação o Bandeirante foi bem aceito pelo público e pelas companhias operadoras.

“Era leve e com ótima relação custo-benefício, respondendo às demandas do mercado aéreo regional. Também respondeu muito positivamente à primeira crise do petróleo em 1973, quando ocorreu uma alta significativa nos preços dos combustíveis, que onerou a operação de aviões a jato. O Bandeirante, muito mais econômico que seus concorrentes, tornou-se ainda mais competitivo”, descreva a fabricante brasileira.

Seu protótipo de número 1 está hoje em exposição no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos (MUSAL), no Rio de Janeiro. O protótipo de número 3 está exposto no Parque Santos Dumont, na cidade de São José dos Campos.

A Fototerra e suas seis aeronaves

Líder de mercado no setor de GIS (Sistema de Informações Geográficas), a empresa brasileira Fototerra atua há 28 anos, com parcerias nacionais e internacionais em serviços especiais aéreos.

No último mês, a Fototerra cresceu sua frota com a aquisição de mais uma aeronave, chegando à marca de seis equipamentos operando no mercado nacional. Além do Bandeirante PT-SHO visto acima, a empresa conta com:

– Piper PA-34-200T Seneca II de matrícula PT-FOT
– Cessna 206 Stationair de matrícula PR-FOT
– Embraer EMB-810C Seneca II de matrícula PT-EGR
– Embraer EMB-810C Seneca II de matrícula PT-EPN
– Diamond DA-42 NG de matrícula PP-BCC

O Embraer Seneca II PT-EPN – Imagem: Fototerra

O interior de Seneca II PT-EPN – Imagem: Fototerra

O Cessna 206 PR-FOT – Imagem: Fototerra

O interior do Cessna 206 PR-FOT – Imagem: Fototerra

Equipamento do Cessna 206 – Imagem: Fototerra

“Somos uma empresa de tecnologia da geo-informação, com competência e expertise em dados capturados de forma remota, aquisição e processamento de dados geoespaciais e geodésicos”, explica Brechbuhler. “Atuamos com processamento de dados topográficos, ambientais e multitemáticos, além do desenvolvimento de software e de soluções GIS.”

A empresa tem longo histórico de parcerias com agências governamentais e indústria de petróleo e gás, dentro e fora do Brasil. “A Fototerra captura e analisa dados hiperespectrais para a indústria de petróleo e gás, para o setor de mineração e para agricultura, silvicultura e monitoramento de terras, entre outros setores”, explica Luis Antonio de Lima, CTO da Fototerra.

Tecnologias avançadas

Na aplicação de tecnologia de ponta, a Fototerra se destaca pela prestação dos seguintes serviços em aquisição e análise de dados aéreos de alta resolução:

  • Mapeamento 3D e 3D LiDAR (com laser)
  • Fotogrametria digital, Orthofotos e TrueOrtho
  • Imageamento e processamento hiperespectrais
  • Mapeamento ambiental em tempo real
  • Mapeamento de risco geológico
  • Implantação de GIS
  • Cartografia sistemática
  • Levantamento em campo 
  • Cadastro multifinalitário
  • Modelagem e processamento de dados submarinos 
  • Implementação de modelagem de rádio frequência

História

Com escritórios no Brasil em São Paulo e Macaé, e no exterior na Alemanha e nos Estados Unidos, a Fototerra conta com corpo técnico de mais de 150 colaboradores. Em 2004, foi a primeira empresa na América Latina a operar uma câmera digital de grande formato, e em 2005 executou em grandes capitais brasileiras cerca de 6.000 km² de voo, gerando produtos na escala 1:2000.

Também em 2005 iniciou suas operações no Chile utilizando simultaneamente duas câmeras digitais de médio formato acopladas a um sistema laser de alta resolução, sistema que até hoje é amplamente utilizado em áreas de reflorestamento. Em 2010, também de forma pioneira iniciou operações com sistemas LiDAR FullWave no Brasil

Para conhecer mais sobre a Fototerra, acesse seu site oficial clicando aqui.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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