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Controlador gerou incidente ao autorizar decolagem logo depois de permitir veículo na pista, mostra relatório

ATR 72, semelhante ao envolvido no incidente – Imagem: Divulgação / ATR Aircraft

Um relatório final de investigação, divulgado nesta semana, mostra que um controlador de tráfego aéreo causou um incidente de incursão em pista ao autorizar um avião a decolar logo depois de também ter autorizado um veículo a entrar na mesma pista.

Segundo informações compartilhadas pelo The Aviation Herald, o relatório publicado ontem, 16 de janeiro, pela Comisión de Investigación de Accidentes e Incidentes de Aviación Civil da Espanha (CIAIAC), informa que o avião envolvido foi o ATR-72-500 registrado sob a matrícula EC-MSM, operador pela Canaryfly, companhia espanhola baseada nas Ilhas Canárias.

O bimotor turboélice taxiava com 18 passageiros e 3 tripulantes para o voo PM-617 / CNF-617, de Las Palmas para Tenerife Norte, ambas nas Canárias, no dia 31 de janeiro de 2022. Os pilotos foram autorizados a uma decolagem contínua (direto do taxiamento para a pista, sem necessidade de parada antes de entrar na pista ou na cabeceira) pela pista 03L.

Porém, quando eles alinharam o ATR 72 na cabeceira de Las Palmas para o início da aceleração, avistaram um veículo na pista e rejeitaram a decolagem. Após o veículo sair da pista, a aeronave partiu normalmente.

Análise da investigação

Segundo a CIAIAC descreve em seu relatório, tudo começou quando o controlador de tráfego aéreo autorizou um voo anterior, designador IBB-2AW, não envolvido no incidente, a decolar na pista 03L, e instruiu outro voo, JEI-111, também não envolvido no incidente, a taxiar em direção às pistas seguindo uma rota de taxiamento específica.

Enquanto o primeiro decolava, o controlador recebeu uma chamada do Técnico de Operações da Área de Movimento (TOAM) do veículo de manutenção V1, que iria realizar inspeção na pista 03L (ao invés da começar pela 3R, como geralmente feito), solicitando autorização para fazê-lo. A inspeção é realizada a partir da cabeceira oposta, 21R.

O controlador instruiu o veículo a taxiar pelas vias R8 e R9, que são as pistas de taxiamento que levam ao início da pista 21R, e a ficar fora desta pista, pois a aeronave IBB-2AW iria decolar.

Durante a decolagem do voo IBB-2AW, o técnico que conduzia o veículo V1 contactou o controlador para solicitar autorização para a realização da inspeção, tendo o controlador orientado a aguardar no ponto de espera, pois iria ocorrer outra decolagem.

Posteriormente, o controlador instruiu o voo JEI-111 a prosseguir até o ponto de espera da pista 03R (pista paralela à 03L) e autorizou o veículo V1 a realizar a inspeção da pista 03L.

Poucos segundos após o veículo V1 ser autorizado a ocupar a pista, o voo que sofreu o incidente foi autorizado a taxiar até o ponto de espera Z2. Poucos minutos depois, o piloto comunicou que estava chegando ao referido ponto de espera Z2 e o controlador orientou-o a acessar a pista 03L pela pista de taxiamento Z2 e decolar, manobra que passou a ser executada com procedimento de decolagem contínua.

O Técnico de Operações da Área de Movimento (TOAM) que conduzia o veículo V1, ao observar que a aeronave, já autorizada a decolar, entrou na pista, procedeu à liberação da pista e dirigiu-se ao canteiro adjacente.

Após a entrada e alinhamento do ATR 72 com a pista, e iniciada a corrida de decolagem, os pilotos perceberam a presença do veículo V1 e pararam a aeronave, reportando a situação à torre.

Posteriormente, como o veículo V1 havia saído da pista, uma vez liberados, os pilotos puderam continuar sua operação e realizar o voo planejado sem maiores incidentes.

Constatações

• Houve uma série de variações em relação aos modos usuais de operação não sujeitos a procedimentos (inspeção de pistas geralmente começavam pela 03R, e não pela 03L, como feito no momento da ocorrência).

• A carga de trabalho do controlador era baixa.

• As recomendações resultantes de incidentes anteriores semelhantes não foram implementadas.

• O condutor do veículo V1 não informou a sua posição conforme exigido pelo manual de operação.

• O controlador não verificou a posição do veículo V1.

Causas/fatores contribuintes

O relatório concluiu que a causa provável do incidente foi a falta de cumprimento dos procedimentos por parte do controlador, pois liberou o voo PM-617 para entrar na pista e decolar embora a pista estivesse ocupada, causando uma incursão em pista.

O fator contribuinte apontado pelos investigadores foi a falha do controlador supervisor em executar recomendações resultantes de incidentes anteriores, não prestando especial atenção às verificações de pista.

O relatório completo, com a análise detalhada dos aspectos acima descritos, pode ser consultado integralmente, em espanhol, neste link.

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