“Copilotos não querem virar Comandantes pela qualidade de vida”, afirma fundador da Azul

Divulgação – Ryanair

A falta de pilotos, principalmente mais experientes, é um reflexo direto da Pandemia, segundo aponta David Neeleman, fundador da Azul Linhas Aéreas. O empresário brasileiro-americano, que também criou a WestJet, JetBlue e a Breeze Airways, falou que as pessoas, incluindo aviadores, têm valorizado mais a qualidade de vida do que o trabalho e isso tem afetado as promoções nas empresas aéreas.

Em painel numa conferência organizada pela revista Fortune, conhecida por produzir o ranking de pessoas mais ricas do planeta, ele falou que “o salário do copiloto subiu bastante (pela falta de pilotos em geral) que este pessoal não quer ser promovido para comandante por que afeta a qualidade de suas vidas”.

O empresário cita que um copiloto que ganha em média $ 16 mil dólares mensais em Miami não quer ser promovido para comandante e ir para Newark, por mais que ganhe praticamente o dobro do salário: $ 29 mil por mês.

Como a cidade faz parte da Grande Nova York, teria que enfrentar trânsito, mais poluição, menos natureza. Tudo isso num cargo que exige mais responsabilidade e experiência, além do que vários pilotos americanos têm relatado que a escala dos comandantes está mais apertada exatamente pela falta de profissional, no que se traduz em menos tempo longe de casa e jornadas em horários inconvenientes, e difíceis de serem trocadas.

A revista cita que, no ano passado, em torno de 7 mil copilotos da American Airlines poderiam ser promovidos, mas nenhum destes quis ser promovido, exatamente por não achar vantajoso voar o mesmo avião, ter mais responsabilidade, trabalhar mais, para um salário que é mais alto, mas não compense o estresse extra.

Muitas pessoas decidiram que não querem voltar ao seu trabalho (depois da Pandemia), ou querem trabalhar menos, ou querem trabalhar de casa. Então isso é muito difícil, é uma espécie de utilidade margina do dinheiro ganho“, afirma Neeleman, em referência ao que no Brasil é conhecido como “salário não paga a paz”.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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