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Crise em companhia russa pode diminuir a quantidade dos gigantes Antonov 124 nos céus do mundo

Avião Antonov An-124 Volga

A companhia russa de carga aérea Volga-Dnepr, que opera os gigantes An-124 Ruslan, vem enfrentando algumas dificuldades devido à recessão no mercado de carga aérea. Para adequar-se ao momento, a empresa informou à agência russa Interfax que reduzirá a equipe e sua frota de An-124-100 Ruslan, disse um representante da empresa. Em agosto, a transportadora já havia anunciado que estava reestruturando o negócio pelos mesmos motivos.

De acordo com a Agência Federal de Transporte Aéreo, a companhia aérea possui oito An-124 Ruslan. No entanto, ainda não está especificado quantos deles a empresa conservará. O certo é que algumas devem ser estocadas em algum lugar da Rússia. Essas aeronaves foram desenvolvidas pela ucraniana Antonov Design Bureau. Até 2016, Antonov e Volga-Dnepr operavam a frota de An-124 Ruslan por meio de uma joint venture, mas o lado ucraniano resolveu deixar a parceria.

No verão de 2019, um tribunal em Kiev apreendeu os Ruslan da Volga-Dnepr e proibiu sua operação depois que a empresa russa os continuou operando, ignorando o fim da joint-venture e fazendo modificações não autorizadas nas aeronaves. Esse imbróglio durou alguns dias até que a empresa conseguiu o direito de retomar sua operação.

Para a parte da frota que fica, a Volga-Dnepr também anunciou que atualizará alguns dos seus componentes. Recentemente, a empresa concluiu os testes de certificação desta aeronave com o equipamento ADS-B, obrigatório para todas as empresas que quiserem operar na Europa e na América do Norte a partir de 2020. Como parte da resolução do conflito com a Antonov, a transportadora trabalhou para receber um certificado de aeronavegabilidade da Agência Federal de Transporte Aéreo russa para a modificação do An-124-100 com capacidade de carga de até 150 toneladas, em vez das habituais 120 toneladas. Espera-se que a empresa faça o mesmo para mais três aeronaves, pelo menos.

A coisa ficou ‘russa’

O Grupo Volga-Dnepr afirmou que, no primeiro semestre do ano, o volume de negócios das companhias do grupo, AirBrigeCargo (ABC), Volga-Dnepr e Atran, diminuiu 6%. O volume de carga (em peso transportado por quilômetro) caiu em 20%. A queda foi associada a uma contração no mercado global de frete e a problemas operacionais. A empresa prometeu retornar ao lucro em 2019 após uma reestruturação.

Em 11 de outubro, a publicação ulnovosti.ru (que cobre os eventos da região de Ulyanovsk, na qual Volga-Dnepr está registrada) informou que os funcionários das companhias não receberam os salários de setembro e foram solicitados a escrever declarações sobre o cancelamento voluntário de salários até janeiro de 2020. Segundo a publicação, o grupo atribuiu isso a sanções, pelas quais a OTAN se recusou a solicitar o transporte, e a empresa perdeu milhões de euros. Eles também mencionam a rescisão da parceria com a Antonov e os problemas com o direito de usar o Ruslan, bem como uma diminuição nas vendas de frete em outros países.

Um representante oficial da Volga-Dnepr disse à Interfax que não havia dívidas salariais para nenhuma empresa do grupo, o trabalho com os credores foi “realizado conforme planejado na estrutura contratual” e as obrigações para com os clientes foram cumpridas “na íntegra”.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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