O ex-proprietário da companhia aérea portuguesa TAP, David Neeleman, nega ter feito um acordo em 2015 para pagar um valor acima de mercado por aviões da Airbus. Num artigo de opinião no jornal português Expresso, o empresário da aviação americano-brasileiro escreveu que tinha sido crucial substituir um contrato de leasing de 12 Airbus A350 por uma encomenda de 53 aviões da série neo para a salvar a empresa da falência.
Esta investigação surge após promotores terem dito no mês passado que estavam a investigar o complexo acordo de leasing, bem como sugestões de que Neeleman tinha comprado ações da TAP com dinheiro da empresa.
Neeleman disse que não é verdade que a TAP tenha adquirido os aviões Airbus Neo acima dos preços de mercado, citando avaliações independentes feitas na altura. Ele acrescentou que a Atlantic Gateway, empreendimento entre ele e o empresário português Humberto Pedrosa, tinha injetado fundos próprios na TAP e conseguido um empréstimo de 90 milhões de euros da Azul, a companhia aérea brasileira também fundada por Neeleman.
A declaração de Neeleman se dá num contexto em que o poder público português investiga uma denúncia feira por membros do governo sobre um suposto financiamento ilegal da Airbus para que Neeleman e um sócio português pudessem adquirir da TAP. Para viabilizar o negócio, porém, a empresa fecharia um contrato acima dos valores de mercado, segundo o denunciante.
Em 2020, em meio à pandemia, o governo de Portugal comprou a participação de Neeleman na TAP, que está agora sob um plano de resgate de 3,2 bilhões de euros aprovado por Bruxelas. Enquanto isso, o governo está a considerar uma venda total ou parcial da companhia aérea para quem se candidatar a tal. Comenta-se na mídia europeia que Lufthansa, Air France-KLM e a proprietária da British Airways, IAG, seriam os potenciais proponentes.
