De volta ao futuro: Portugal quer reprivatizar a TAP, mas não sabe como

A companhia de bandeira de Portugal, a TAP, está voltando a um antigo dilema e, novamente, ao centro das discussões do governo.

Avião Airbus A319 TAP Air Portugal
Imagem: Curimedia / CC BY 2.0 via Wikimedia Commons

A empresa portuguesa foi, por muitos anos deficitária e, após muito debate, em 2015 foi “privatizada”, sendo que uma grande parcela da companhia foi vendida para o Atlantic Gateway, grupo que tinha por sócio o brasileiro David Neeleman, que havia fundado a WestJet, JetBlue e a Azul, empresas aéreas de grande sucesso nas Américas.

Após vários anos de investimentos, estreitamento da parceria com as irmãs americanas, renovação de frota e serviços, a TAP ainda não havia chegado no patamar de lucro esperado em seu plano de negócios e o governo de Portugal ainda tomava decisões da empresa, já que tinha o controle da metade das ações, ante 45% do brasileiro e 5% dos funcionários.

Entre estas disputas e uma rentabilidade não esperada, Neeleman já estava planejando a sua saída da empresa com a venda da sua fatia, mas veio a pandemia e acelerou tudo. Sem passageiros com as fronteiras fechadas, a empresa definhou e o governo decidiu ajudá-la, por considerar interesse nacional, e assim a estatizou.

Desde o momento da retomada do pleno controle pelo Estado português, o plano era voltar a vendê-la (ou uma parte dela) para o controle privado. Agora, a hora está chegando e não se sabe como isso dará. O partido Chega! cobrou que o Ministro das Infra-Estruturas de Portugal, Pedro Nuno Santos, vá ao congresso para explicar os rumores de que a empresa aérea seria completamente privatizada, segundo reporta o jornal O Público.

Para o partido, caso isso aconteça e o governo português fique sem ser acionista, entraria em contradição com o próprio discurso de que a reestatizou com dinheiro público, alegando interesse nacional maior.

Por outro lado, o modo antigo, de empresa de capital misto, não agrada a investidores pela falta de flexibilidade na tomada de decisões. A experiência ruim de Neeleman, que é altamente respeitado no setor, pode afastar potenciais compradores, que não querem lidar com a burocracia portuguesa.

Este é mais um problema que Portugal deve resolver em breve, e está relacionado com outro: a necessidade de um novo aeroporto, já que o Portela não comporta mais o tráfego de Lisboa, e isso tem atrapalhado o próprio desenvolvimento da TAP.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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