Decolou hoje o primeiro voo de passageiros de um avião da Aerolinhas Brasileiras

ATUALIZAÇÃO: em 1 de julho, a atualização do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) passou a mostrar que o avião foi repassado de volta para a Latam. Veja essa história aqui e leia abaixo para entender todo o caso.

Na noite de quinta-feira, 30 de junho, aconteceu o primeiro voo regular de passageiros operado com um avião da empresa aérea Aerolinhas Brasileiras SA, mais conhecida por ABSA. A companhia, que faz parte do Grupo Latam, teve incorporado à sua frota, no final do ano passado, o Airbus A320 de matrícula PR-MHW (msn 3630).

De fato, o voo “inaugural” é uma operação da Latam com número LA-3106, na rota entre Congonhas, em São Paulo, e Goiânia. No momento em que essa publicação era escrita, a aeronave cruzava o interior do Estado de São Paulo, como mostra a plataforma de rastreamento de voos Radarbox (clique para acompanhar).

Um A320 para a ABSA

Documentos vistos pelo AEROIN recentemente confirmam que a aeronave está em nome da ABSA até o fim de junho. No Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), também consta que a aeronave está na frota da companhia cargueira. O motivo que levou a Latam a repassar uma aeronave à ABSA, no entanto, não é claro.

Em contatos anteriores, a Latam se recusou a dar detalhes do motivo da transferência da aeronave.

No ano retrasado, enquanto a pandemia fazia o caixa das empresas sangrar, houve um rumor de que a Latam passaria aeronaves para o nome da ABSA e contrataria pilotos por ela, a fim de assinar contratos de trabalho menos “onerosos” (pagando menos aos funcionários). Essa informação, no entanto, nunca foi confirmada pela empresa, nem para o sim e nem para o não.

Naquele momento, a companhia latina tentava reduzir os custos mediante a redução permanente dos salários dos tripulantes, mas a proposta foi recusada em negociação com o Sindicato Nacional dos Aeronautas.

Rotas incomuns

Meses depois do episódio citado acima, a Latam transferiu para a ABSA o Airbus A320 PR-MHW.

Naquele momento, a aeronave teve sua pintura da Latam removida em São Paulo e, todo branco, voou para o Chile, onde ficou cerca de 10 dias, antes de voltar ao Brasil por Fortaleza e, depois, São Carlos, no interior de São Paulo.

No dia 22 de junho deste ano, uma quarta-feira, o jato deixou a área de manutenção da empresa em São Carlos, após sete meses, e pousou em Guarulhos para, horas mais tarde, seguir até o Uruguai.

Ficou um dia no país vizinho, voou para Fortaleza e depois Congonhas, em São Paulo, onde estava desde 24 de junho. Curiosamente, a mesma pintura que ele tinha antes foi recolocada.

Esse vaivém da aeronave, embora não esclarecido pela Latam, pode ter relação com questões burocráticas relacionadas à troca de propriedade da aeronave e nacionalização. Isso porque os destinos são conhecidos entre quem acompanha ou atua na aviação.

O Uruguai, conhecido por ter impostos mais brandos, possui escritórios de representantes de empresas de arrendamento e pode ser usado como um porto de registro de aeronaves, ao mesmo tempo em que as empresas economizam milhares ou milhões de dólares com impostos e taxas. Fortaleza, por sua vez, tem sido usada como primeiro ponto de parada de aeronaves da Latam para processos aduaneiros e nacionalização de aviões.

ATUALIZAÇÃO

em 1 de julho, a atualização do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) passou a mostrar que o avião foi repassado de volta para a Latam. Veja essa história aqui e leia acima para entender todo o caso.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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