A Delta Air Lines entrou com um processo contra a empresa de segurança de TI Crowdstrike, buscando recuperar US$ 500 milhões em perdas acumuladas após uma grave falha operacional. O problema ocorreu após uma atualização mal-sucedida enviada pela Crowdstrike para computadores com sistema Microsoft em julho, afetando a operação da companhia aérea sediada em Atlanta, assim como inúmeras outras em todo o mundo.
O processo, apresentado na sexta-feira em um tribunal do condado de Fulton, acusa a Crowdstrike de uma “série de atos negligentes intencionais” que resultaram na ‘tela azul da morte’ em milhões de computadores que utilizam o sistema operacional Microsoft no mundo todo.
A atualização defeituosa impactou hospitais, supermercados, bancos e várias outras empresas que confiavam na Crowdstrike para proteger seus sistemas contra ataques cibernéticos. No entanto, ao contrário da maioria das empresas afetadas, a Delta enfrentou sérias dificuldades para se recuperar, com problemas que se estenderam por vários dias.
Quando a Delta conseguiu restaurar seus sistemas, já havia sido forçada a cancelar mais de 5.000 voos em um período de cinco dias — quase quatro vezes mais que o total de cancelamentos combinados da American Airlines e United no mesmo intervalo.
A Delta responsabiliza exclusivamente a Crowdstrike pelo colapso operacional e exige que a empresa cubra todas as suas perdas decorrentes da interrupção de 19 de julho, informou o PYOK.
“Enquanto a Crowdstrike tentou caracterizar suas ações como oportunidades de aprendizado, a realidade é que ela tomou atalhos, desconsiderou certificações e criou e explorou uma porta não autorizada dentro do sistema operacional Microsoft para implantar a atualização defeituosa“, alega o processo.
“A Crowdstrike também admitiu que não seguiu nem mesmo as práticas de mercado mais básicas para atualizações de TI, como realizar uma implementação por fases e oferecer recursos de reversão. Na verdade, se a Crowdstrike tivesse testado essa atualização em apenas um computador, ele teria travado“, afirma a acusação.
No final de julho, a Delta contratou um renomado advogado para buscar reparação da Crowdstrike, caso a empresa não aceitasse um acordo. O CEO da Crowdstrike, George Kurtz, declarou posteriormente à CNBC que esperava se reunir com a Delta para negociar uma resolução.
A Crowdstrike admitiu que a atualização automática enviada em 19 de julho estava cheia de falhas que “travaram” computadores com sistemas Microsoft Windows ou Azure.
Tanto a Crowdstrike quanto a Microsoft sugeriram que o impacto na Delta foi exacerbado pelo uso de sistemas de TI tradicionais e pela falta de atualização da infraestrutura. A Delta, no entanto, nega veementemente essas acusações.
Em um relatório para a SEC no início deste ano, a Delta informou que os custos de reembolsos e compensações aos clientes em dinheiro e milhas SkyMiles somaram cerca de US$ 380 milhões devido ao colapso.
Outros custos operacionais não relacionados a combustível, como reembolsos para estadias em hotéis e demais despesas para passageiros e tripulantes, adicionaram US$ 170 milhões às perdas da companhia. No entanto, a Delta limitou o prejuízo total a US$ 500 milhões, economizando US$ 50 milhões em combustível devido aos voos cancelados.
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