A Delta Airlines recebeu nos últimos dias dois novos aviões Airbus, zero de fábrica, mas não fez o voo de entrega deles para os EUA. E esse fato tem um motivo.
Um dos aviões é um Airbus A321ceo de matrícula N389DN e foi fabricado em Hamburgo, na Alemanha. O jato fez uma longa jornada via Reykjavík e Montreal até San Salvador, em El Salvador, país da América Central.
O outro é um A330neo de matrícula N450DX, fabricado em Toulouse, na França, e segue para Tóquio no momento da publicação dessa matéria (para acompanhar em tempo real, clique aqui).
A Delta Air Lines é de Atlanta e tem bases destas aeronaves em Atlanta, Detroit, Nova Iorque, Boston, Minneapolis, Salt Lake City, Los Angeles e Seattle.
Sendo assim, por que estes dois Airbus não vieram direto para uma das bases como os entregues anteriormente? De forma rápida e resumida: impostos do Trump!
A Balança Comercial de Trump
Desde a sua campanha eleitoral o presidente dos EUA, Donald Trump, tem tido como pauta uma balança comercial mais equilibrada com outros países. Segundo Trump, benefícios ilegais de outros países têm causado a fuga de empresas americanas e, logo, empregos americanos.
E dando suporte à fala de Trump, a Organização Mundial do Comércio divulgou um relatório, em dezembro passado, informando sobre irregularidades no financiamento dos projetos A350 e A380 da Airbus.
Segundo a OMC, em torno de $9 bilhões de dólares em subsídios ilegais através de financiamentos a juros extremamente baixos foram feitos para a Airbus. Estes financiamentos teriam sido feitos por bancos estatais europeus.
Inclusive a própria União Europeia (incluindo na época o Reino Unido) e a Airbus fizeram ajustes nos contratos de financiamento para tentar se enquadrar na regra da OMC, mas foi em vão.
Sendo assim, no último dia 14 de fevereiro, através do Escritório Representante do Comércio dos EUA, os norte-americanos aumentaram o imposto de 10% para 15% na importação de aeronaves europeias para os EUA, inclusive citando diretamente o caso da Airbus para tal decisão.
Rolê para evitar impostos
As companhias que serão mais afetadas serão a Delta e a JetBlue, que possuem um maior número de aviões da Airbus encomendados. Principalmente os do modelo A321, que são majoritariamente feitos em Hamburgo, e não na fábrica americana de Mobile, no Alabama.
A Delta foi a primeira a ser afetada, já que no dia 21 o A321ceo de matrícula N389DN estava pronto para entrega. Fontes na indústria informaram ao AEROIN que a aeronave irá seguir para El Salvador, será registrada lá com matrícula americana (de maneira similar ao que a Avianca faz), e depois será importada para os EUA.
Desta maneira, será uma importação de El Salvador para os EUA, onde os impostos são baixos para esta transação. Vale lembrar que o país latino exporta muita coisa para os EUA, principalmente tecidos e commodities, além de outros bens com baixo valor agregado.
Em relação ao A330neo no Japão, ainda sobram algumas dúvidas, especialmente sobre se a aeronave receberá uma matrícula japonesa temporária ou não. Mas é certo que, depois de um tempo, ela será importada para os EUA novamente.