Deputado acusa PF de racismo ao ser abordado dentro de avião da Azul para inspeção aleatória

*REPORTAGEM ATUALIZADA ÀS 23H50 COM ATA DE SEGURANÇA DO AEROPORTO DE FOZ DO IGUAÇU E POSICIONAMENTO DA POLÍCIA FEDERAL

Um deputado estadual passou por inspeção aleatória após ter embarcado em um voo da Azul e acusou a Polícia Federal de racismo.

Divulgação/AEROIN

O caso envolveu o Deputado Estadual Renato Freitas (PT-PR), que ficou conhecido nacionalmente após participar de um protesto dentro da Igreja do Rosário, em Curitiba, capital do Paraná, em razão da morte do congolês Moïse Kabagambe no Rio de Janeiro dias antes.

Na ocasião, ele teve seu mandato cassado por estar protestando dentro de uma igreja sem autorização da arquidiocese. A cassação foi suspensa no Supremo Tribunal Federal (STF) por decisão do Ministro Luís Roberto Barroso.

Hoje, embarcando em Foz do Iguaçu com destino a Londrina em um voo de um Embraer E195-E1 da Azul, o deputado foi chamado pela tripulação logo após embarcar na aeronave.

Quando chegou na porta da frente do avião, foi informado por um policial federal que teria que passar por um procedimento de inspeção aleatória de segurança, executado por um Agente de Proteção da Aviação Civil, ou APAC, que são os funcionários responsáveis pela operação do Raio-X e canais de inspeção no aeroporto.

O deputado se identificou e questionou o procedimento, sendo informado pelo policial que é algo padrão e previsto em lei. Após o fim da inspeção pessoal e da sua mochila, ele foi liberado para seguir no voo normalmente, mas xingou os policias dizendo serem um “bando de racistas, ignorantes”.

Logo após entrar novamente no avião, uma comissária tentou acalmá-lo, e ele reclamou do fato de ser o único passageiro do voo a passar por essa inspeção. Confira:

Como funciona

A inspeção aleatória é algo previsto pela ANAC e feito também em outros países do mundo. Ela é uma revista adicional, mais detalhada e pessoal, feita por amostragem contada a partir de um número de pessoas que passam no pórtico detector.

O apito diferente após passar no Raio-X/Detector de Metal pode tanto indicar muita concentração de metal junto ao corpo, assim como pode ser o apito de inspeção aleatória, que ocorre automaticamente em uma frequência pré-definida (Ex: 1x a cada 10 passageiros que passam no portal).

O procedimento realizado após o aviso sonoro é avisar o passageiro que ele foi sorteado, e logo em seguida executar a inspeção adicional. Caso o viajante deseje, pode ser em local reservado para evitar constrangimento.

Porém, por vezes, ao acontecer em um horário de grande movimento ou por distração, por exemplo, o passageiro pode passar no pórtico detector, ser sorteado, mas não ser abordado para a inspeção, saindo da área ou simplesmente se evadir dela.

Neste caso, os APACs localizam o passageiro pela câmara de segurança e, junto da Polícia Federal, abordam e fazem o procedimento adicional de segurança. Este acabou sendo o caso ocorrido com o deputado, conforme atualização abaixo.

Em nota oficial, a Polícia Federal afirmou que foi acionada após o deputado se recusar a passar por inspeção adicional de segurança (chamada inspeção aleatória). E por causa disso foi acionada para ir até a aeronave para que o passageiro fizesse esta inspeção, realizada pelo APAC, como prevê a ANAC.

ATUALIZAÇÃO: O jornalista curitibano Eduardo Matysiak teve acesso ao Livro ATA dos APACs, e segundo a Ata de Registro o Deputado não passou pela inspeção aleatória após passar a inspeção inicial no Detector de Metais, e por isso foi abordado na aeronave. Confira:

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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