
O Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, fez questão de que as caixas-pretas do Embraer abatido não fossem analisadas por uma agência da Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
Os gravadores de dados e voz estão em Brasília, sendo analisados por técnicos do CENIPA, e acompanhados por oficiais do Azerbaijão, Cazaquistão e Rússia. A confiança na equipe brasileira foi destacada por Aliyev hoje, 6 de janeiro, quando o líder azeri se encontrou com as famílias das vítimas do voo 8243 da Azerbaijan Airlines, a AZAL.
Em 25 de dezembro de 2024, o jato Embraer E190-E1 da companhia aérea de bandeira azeri foi abatido por uma bateria antiaérea russa Pantsir, quando se aproximava da cidade de Grozny, na Chechênia, no sul da Rússia. Ao todo, 38 ocupantes faleceram e 29 sobreviveram, incluindo uma comissária.
“O processo de decodificação das caixas-pretas começou. A nosso pedido, esse processo está sendo conduzido no Brasil, como afirmei durante minha entrevista na televisão em 29 de dezembro. Apesar de inúmeras propostas e pressões, nos opusemos firmemente ao Comitê Interestadual de Aviação (IAC ou МАК) da CEI para conduzir a análise das caixas-pretas. Nossa objeção decorreu de preocupações com a possível falta de objetividade e o risco de conflito de interesses”, afirmou Ilham Aliyev, em declaração oficial feita hoje.
O IAC é o órgão de aviação civil da Comunidade dos Estados Independentes, a CEI, que engloba 9 países que fizeram parte da União Soviética: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão, além de ter o Turquemenistão como membro associado.
Esta organização é similar à EASA, que é responsável pela regulação da aviação civil dentro da União Europeia, homologando aeronaves, procedimentos e auxiliando na investigação de acidentes aéreos.
Pelo fato do acidente ter ocorrido em um dos membros da IAC, com uma aeronave operada por outro membro com destino a um terceiro país do bloco, era natural que a análise ficasse dentro da CEI, mas Aliyev temia que a Rússia manipulasse os dados para criar uma narrativa que favorecesse o país, que é o culpado pelo abate da aeronave.
Aliyev destacou a confiança no CENIPA para conduzir a análise da caixa preta: “Como resultado, a análise está agora em andamento no Brasil, com a participação de representantes do Azerbaijão, Cazaquistão e Rússia. Esperamos que as informações sobre as conclusões sejam divulgadas em breve. Estamos confiantes de que todas as questões pendentes serão eventualmente esclarecidas”.
“O fato de as caixas-pretas terem sido enviadas para o Brasil ressalta nossa exigência por objetividade. Já abordei esse assunto após a cerimônia de despedida da tripulação. Se tivéssemos percebido, desde o início, esforços das autoridades oficiais da Federação Russa para investigar objetivamente essa tragédia, provavelmente teríamos concordado com a decodificação das caixas-pretas pelo IAC. Temos uma longa história de cooperação com essa organização, especialmente na investigação de acidentes aéreos na antiga URSS. No entanto, quando presenciamos tentativas de minimizar a gravidade do caso — atribuindo o incidente apenas a aves ou à explosão de um cilindro de gás —, tanto eu quanto o público azerbaijano começamos a questionar seriamente a objetividade da investigação”, conclui o Presidente do Azerbaijão.
Com Informações da Assessoria de Imprensa da Presidência do Azerbaijão