Diferente de vários países do ocidente, Brasil continua a receber voos de Belarus

Enquanto voos saindo de Belarus são cada vez mais raros em países ocidentais após as sanções, o Brasil tem adotado uma postura neutra e torna-se destino destas aeronaves e empresas exóticas.

Ilyushin IL-76 da Rubystar pousa em Campinas

Comandada pelas mãos de ferro de Aleksandr Lukashenko desde 1994, Belarus (ou Bielorússia) é considerada por analistas como a última ditadura da Europa, configurando-se como o país do continente europeu mais fechado em termos políticos.

No entanto, o boicote recente do ocidente não tem a ver com o regime político em si, mas com decisões polêmicas tomadas recentemente pelo governo local.

Um dos casos mais falados da aviação no ano passado foi o desvio de um Boeing 737 da Ryanair, sob escolta de caças, enquanto sobrevoava o território bielorrusso.

O caso nunca foi esclarecido. O governo de Belarus defendeu que um alerta de bomba na aeronave (comprovadamente falso) levou o jato a ser forçado a pousar em Minsk, mesmo após o piloto da aeronave estranhar a atitude do controlador e ao fato do voo estar muito mais perto do seu destino final (na Lituânia) do que da capital bielorrussa. Logo após o pouso, o jornalista e crítico do governo Roman Protasevich, foi levado preso pela polícia de Belarus.

Desde então, os países europeus têm virado as costas para Belarus, proibindo voos saindo do país, cancelando aluguel de aeronaves (incluindo jatos Embraer) e boicotando a nação, que já era isolada.

A situação piorou neste ano, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, sendo que parte das tropas utiliza Belarus como caminho para chegar ao país vizinho, principalmente pela proximidade da fronteira bielorussa com Prypiat (local do acidente da Usina de Chernobyl) e Kiev, capital da Ucrânia.

Com isso, o boicote de países ocidentais contra Belarus só aumentou. Isso influenciou mais nações e hoje até Austrália e Japão não permitem viagens para o país europeu.

O Brasil, no entanto, adotou uma postura neutra e ainda permite, e voos fretados de empresas bielorrussas têm acontecido nos últimos dias com certa frequência.

Os casos mais recentes são o do Ilyushin IL-76 da Rubystar Airways, que pousou em Campinas na semana passada, e também do Boeing 747-300 da TransaviaExport, estatal cargueira que fez um voo para Guarulhos. Apesar destes voos não trazerem cargas da Bielorússia, acabam gerando receita direta e indiretamente para o governo de Lukashenko, algo que outros países deixaram de tolerar.

É importante salientar que esses voos nada têm a ver com a questão do mercado de fertilizantes, mas sim são contratados para buscar cargas em outros países (como a China) e trazer ao Brasil, assim como carregar aqui e levar para outros locais onde os aviões ainda podem pousar. Devido às sanções e limitações operacionais, essas aeronaves têm o aluguel muito mais barato.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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