Uma grave ocorrência entre duas aeronaves, da Azul e da GOL, no Aeroporto de Congonhas, em 2020, ocorreu após uma falha na comunicação e um lapso de atenção dos controladores de tráfego aéreo.
O incidente envolveu o Embraer E195-E1, de matrícula PR-AUJ, que cumpria o voo AZU4003, do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino a Congonhas, e o Boeing 737-800 da GOL, de registro PR-GUD, que realizava o voo GLO1700, de São Paulo para Salvador. O caso aconteceu no dia 3 de dezembro de 2020, e havia 242 pessoas a bordo das aeronaves.
Segundo o relatório final divulgado hoje pelo CENIPA, ambas as tripulações estavam devidamente qualificadas e as aeronaves em conformidade com as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). As condições meteorológicas no momento do incidente eram favoráveis, e o número de operações de pouso e decolagem estava dentro dos limites de capacidade da pista. Auxílios de navegação e comunicações entre as aeronaves e os controladores também funcionavam normalmente.
O incidente ocorreu quando o 737 foi autorizado a alinhar-se na cabeceira da pista 35L e aguardar a autorização de decolagem. No entanto, o controlador de tráfego aéreo, aparentemente distraído, esqueceu-se de que o Boeing ainda estava posicionado na pista, o que resultou em uma espera de mais de três minutos. Durante esse tempo, o Embraer da Azul se aproximava para o pouso e foi autorizado a aterrissar na mesma pista ocupada pelo jato da GOL.
Ao se aproximar, a tripulação da Azul questionou a torre de controle sobre a presença de outra aeronave na pista, mas, mesmo após esse alerta, o controlador manteve a autorização de pouso, aparentemente sem verificar a pista conforme previsto no seu manual.
O Embraer seguiu a aproximação final por mais 15 segundos até que a tripulação do Boeing informou estar ainda na pista, forçando a torre a ordenar a arremetida do Azul para evitar um acidente. As aeronaves chegaram a ficar separadas por 22 metros de distância vertical quando o avião da Azul passou sobra a pista.
O relatório também indicou que o baixo fluxo de tráfego naquele momento, causado pela Pandemia do Coronavírus, possivelmente contribuiu para uma redução na atenção e na consciência situacional dos controladores. Tecnologias de aviso de incursão de pista como o RWSL, ASDE, AMASS, ATAP e FAROS poderiam ter prevenido o incidente.
Além disso, a correta sinalização dos “hot spots” no aeródromo e melhorias na ergonomia da torre poderiam ajudar os controladores a manter uma visão clara da pista, especialmente em pontos cegos.
Após a publicação do Relatório Final, o DECEA afastou o controlador e seu supervisor imediato, e a realização de cursos de reciclagens foi recomendada aos seus superiores.
O CENIPA também relata que, desde este incidente, já ocorreram outras 24 incursões de pistas no Aeroporto de Congonhas, causadas por vários motivos, desde desatenção dos envolvidos, falha de comunicação e compreensão, além de descumprimento de autorizações e até pouso na pista errada. O relatório final pode ser acessado clicando aqui.