A tensão diplomática entre Argentina e Venezuela atingiu um novo patamar na última semana, quando o regime do ditador Nicolás Maduro anunciou mandados de prisão para 18 figuras públicas argentinas, incluindo juízes, promotores e políticos, reportou o Infobae.
O procurador-geral do regime chavista, Tarek William Saab, revelou que os mandados foram solicitados em razão do polêmico caso do avião da Emtrasur, um Boeing 747 conectado a suspeitas de espionagem e que está retido em Buenos Aires desde 2022.
Entre os alvos estão o deputado Gerardo Milman e juízes como Federico Villenas e Carlos Vallefin. A lista ainda inclui o ministro da Segurança de Buenos Aires, Waldo Wolff, e o legislador Yamil Santoro. Segundo Saab, as acusações contra essas personalidades abrangem crimes sérios, como roubo agravado e lavagem de dinheiro.
Este movimento é considerado um desdobramento da crise diplomática que começou a esquentar após a posse do presidente argentino Javier Milei e foi exacerbada com as recentes eleições na Venezuela, amplamente vistas como fraudulentas pelos países democráticos do mundo.
O caso do avião da Emtrasur, que pertencia à Mahan Air, uma companhia aérea iraniana, ganhou notoriedade internacional quando seus tripulantes foram detidos devido a suspeitas de envolvimento em atividades de espionagem.
O avião foi finalmente transferido para os Estados Unidos em fevereiro deste ano, onde foi destruído, apesar das objeções de Caracas. Em resposta a essa situação, a Argentina reafirmou que o caso já havia sido resolvido pelo Judiciário, ressaltando a independência do poder judicial argentino em comparação com o regime autocrático de Maduro.
Os desdobramentos de um suporte diplomático que até então era favorável a uma relação amigável entre os dois países, como testemunhado durante o governo de Néstor Kirchner e Hugo Chávez, chegaram a um impasse com a ascensão de Milei. Recentemente, a Argentina também solicitou ao Tribunal Penal Internacional (TPI) um mandado de prisão contra Maduro e outros altos líderes do governo, citando um agravamento nas condições humanitárias e de direitos humanos na Venezuela.
Além disso, a expulsão de diplomatas argentinos de Caracas por parte do regime de Maduro acirrou ainda mais os ânimos. O governo brasileiro, por sua vez, se ofereceu para assumir a embaixada argentina na capital venezuelana, um gesto que resultou em uma nova rodada de tensões regionais.
A atitude de Maduro não apenas exacerbou as tensões já existentes, como também destacou as crescentes divisões ideológicas entre os dois países. A atual saga do caso Emtrasur não mostra sinais de resolução, e as consequências podem afetar ainda mais as relações diplomáticas na América do Sul, um continente já fragmentado por diferenças políticas.