Dívida da ITA com a terceirizada que ‘cruzou os braços’ é de R$12 milhões

A crise que fez parar os voos da Itapemirim Transportes Aéreos tem uma cifra definida: R$12 milhões de reais. Esse é o montante da dívida acumulada com apenas uma fornecedora.

Aviões da ITA parados em Guarulhos © Renato Spotter

Como o AEROIN antecipou em primeira mão, o real motivo da paralisação da Itapemirim não foi a apenas a citada “reestruturação interna”, mas também a falta de pagamento à WFS Orbital, principal empresa prestadora de serviço de ground handling (serviços de aeroportos e solo) da ITA.

A dívida antes da paralisação já tinha chegado a R$12 milhões, segundo a WFS Orbital revelou à coluna O Capital do jornal O Globo, afirmando que esse valor aumentou, uma vez que os serviços continuaram a ser prestados por alguns dias até a parada da última sexta (17).

Rubens Pereira, presidente da Orbital, afirmou que fazia contato direto e diário com Sidnei Piva, presidente da Itapemirim, para resolver a dívida, que inclusive já levara a um aviso prévio de encerramento de contrato para o próximo dia 10 de janeiro. Depois desta data, os serviços da Orbital se limitariam ao carregamento e descarregamento das bagagens no avião.

A decisão por paralisar a operação no dia 17, no entanto, teria partido da própria empresa aérea.

Na manhã de hoje, a ITA afirmou, pela primeira vez, que planejava para janeiro assumir a operação de atendimento ao público, contratando os funcionários ora terceirizados, mas não explicou o porquê dessa mudança de rumo.

Um dos ex-funcionários da WFS Orbital informou ao AEROIN que essa promessa estava sendo usada pela ITA como uma espécie de moeda de troca. Ou seja, na esperança de serem contratados pela empresa, os funcionários continuaram trabalhando, mesmo diante de todas as reclamações de passageiros e de supostos acúmulos de função (por exemplo, agentes de aeroporto tendo que ligar aos passageiros para avisar de cancelamentos, etc.).

Todo esse imbróglio se tornou, no entanto, insustentável.

“A promessa de passarmos para orgânicos (contratados pela ITA) existia desde o início das operações. A última informação era que em janeiro começaria esse processo, mas apenas para algumas pessoas, tanto que ninguém foi contactado pelo RH da ITA até o dia 17, quando tudo parou. Não dá para fazer um processo seletivo, contratar e assinar carteira em menos de um mês com dois grandes feriados no meio”, afirmou o funcionário, que pediu para seu nome não ser revelado.

Pereira, da Orbital, não tem muita esperança de que a dívida seja paga, e não comentou sobre uma possível volta da parceria com a Itapemirim que, segundo ele, não tem falado com a Orbital desde a parada. Outras terceirizadas contatadas pelo AEROIN também sinalizaram que não estão recebendo o valor de seus contratos.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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