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Divulgado o relatório caso de quase colisão envolvendo um Embraer E170 e um A320 em Paris

Imagem: Gyrostat / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia

O aeroporto Paris-Charles de Gaulle foi palco de um grave incidente aéreo envolvendo dois aviões no dia 21 de outubro de 2020, sendo eles um Embraer E170, registrado F-HBXK, operado pela Hop!, e um Airbus A320, registrado OO-SNE, operado pela Brussels Airlines.

De acordo com o relatório do Bureau d’Enquêtes et d’Analyses pour la sécurité dans l’aviation civile (BEA) da França, o incidente ficou conhecido por cisalhamento de vento na aproximação final, desvio de trajetória de voo durante a aproximação perdida, proximidade anormal de um avião decolando de uma pista paralela e aviso de resolução TCAS.

Nas horas que precederam o incidente, o aeroporto enfrentou condições climáticas que incluíam forte vento lateral e turbulência moderada a severa abaixo dos 1.500 pés. O E170 estava a 500 pés em uma final curta na pista 26L quando o A320 foi liberado para decolar da pista 26R.

A uma altura de 200 pés, o aviso de windshear (“tesoura de vento”) foi acionado a bordo do E170. A tripulação seguiu as instruções, interrompendo a aproximação e mantendo as asas niveladas. Uma vez que o windshear acabou, a tripulação manteve o voo assim por mais 8 segundos, até que atingisse 1.500 pés.

A tripulação informou o controlador do windshear e da aproximação. No entanto, devido ao forte vento lateral, o E170 desviou-se para o norte e aproximou-se demais do A320 decolando. O controlador usou fraseologia de emergência para ordenar que o E170 virasse para rumo de 240°, cerca de 10 segundos após o avião reportar a arremetida.

No entanto, a tripulação do E170 optou por seguir as instruções do aviso de resolução do TCAS e mudou seu curso para 263°. Ao mesmo tempo, o A320 recebeu o aviso de resolução do TCAS (sistema anti-colisão) e interrompeu sua subida. O controlador então chamou a tripulação do A320 para que parasse de subir, sem usar a fraseologia de emergência.

A tripulação do E170, que não havia sido notificada por causa da frequência lotada, enviou uma mensagem ambígua informando que também tinha o aviso de resolução. Finalmente, depois de seguirem as instruções dos avisos de resolução do TCAS, as tripulações conseguiram evitar colidir.

Como agravante anotado pela BEA no relatório, nenhuma das tripulações utilizou a fraseologia padrão estabelecida para avisar o controle acerca do fim de seus respectivos avisos de resolução do TCAS.

Uma mensagem fora do padrão feita pela tripulação do E170 sugerindo que o aviso havia terminado, pode ter gerado confusão para o controle e consequentemente a emissão de ordens para as tripulações, apesar dos avisos de resolução ainda em andamento.

O relatório completo pode ser lido no site da BEA.

Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.
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