
A Voepass deverá ficar em breve sem duas aeronaves ATR, após uma decisão da justiça autorizar a reintegração de posse por falta de pagamento.
Uma decisão judicial em favor da Dubai Aerospace Enterprise (DAE) permitiu que a companhia árabe de leasing (que compra aviões e os aluga para companhias aéreas) faça a reintegração de posse de duas aeronaves ATR 72-600 que arrendou para a Voepass.
As aeronaves de matrícula PR-PDZ e PR-PDX estão sem pagamento desde abril do ano passado, e mesmo após várias notificações, a companhia aérea não tem feito pagamento ou dado uma previsão de quitar as dívidas.
Esta decisão judicial foi emitida na última terça-feira, 14 de janeiro de 2025, pelo juiz Benedito Sérgio de Oliveira, da 12ª Vara Cível de Ribeirão Preto, como informa documento obtido pelo jornal Estadão.
Na justiça, a DAE afirmou que o PR-PDZ está parado há meses e sendo canibalizado (retirando peças para outra aeronave voar). O PR-PDX também teria sido fonte de peças para outras aeronaves, mas acabou recebendo componentes do próprio “irmão” PR-PDZ para ser colocado em voo.
Dados da plataforma de rastreamento de voos AirNav Radar apontam que o PR-PDX está sem voar desde 4 de agosto do ano passado, enquanto o PR-PDZ fez seu último voo duas semanas atrás, em 4 de janeiro de 2025.
Pessoas que trabalham no Aeroporto de Ribeirão Preto informaram ao AEROIN que a DAE cercou as duas aeronaves no Aeroporto Leite Lopes e colocou seguranças particulares para monitorar os aviões 24 horas por dia, para impedir que qualquer funcionário da Voepass acesse os turboélices ATR que não estão em condição de voo.
A decisão também prevê que a Voepass quite as dívidas com a DAE num prazo de cinco dias, que vence domingo, 19 de janeiro.
A situação financeira da Voepass historicamente é ruim, e piorou após o acidente voo 2283 no ano passado. Mesmo após ter saído da Recuperação Judicial em 2017, a empresa continuou com problemas de pagamento: os tripulantes não recebem certos valores devidos até hoje.
Em nota oficial à imprensa, a Voepass se limitou a dizer que as duas aeronaves já estavam em manutenção e que a retomada de posse não afetará os voos previstos da companhia. Porém, assim como o caso da Avianca Brasil, a decisão de hoje pode fazer com que outros lessores iniciem uma corrida para encerrar o contrato e retomar as aeronaves, o que pode levar, em último caso, ao fim das operações da empresa.