Dois aviões Catalina são tombados como Patrimônio Cultural do Brasil

Imagem: SO Johnson Barros / FAB

Parte da defesa brasileira durante a 2ª Guerra Mundial, dois aviões modelo Catalina foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última quarta-feira, 10 de novembro.

A decisão foi tomada durante a 98ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que ressaltou a importância histórica, tecnológica e cultural dos modelos. Com uma aeronave situada na Base Aérea de Belém (PA) e outra no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro (RJ), os hidroaviões são marcas do início da aviação na região amazônica.

“As decisões do Conselho Consultivo de hoje percorrem diferentes regiões e capítulos da história do Brasil. A cooperação internacional por meio da Cruz Vermelha e a industrialização de São Paulo são dois deles. São momentos fundamentais da história nacional”, avalia a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Já as aeronaves Catalina são exemplares da nossa participação durante a 2ª Guerra Mundial, especialmente na proteção da costa brasileira. Além disso, esses hidroaviões são o testemunho da formação da aviação civil no Brasil, especialmente na região amazônica.”

Imagem: Acervo FAB

Aviões Catalina

Avião de reconhecimento, bombardeiro, caça anti-submarino, de transporte e socorro marítimo, o modelo Catalina tem sua história diretamente associada à 2ª Guerra Mundial.

Criado em 1936, pela Consolidated Vutee Aircraft Co., foi o hidroavião mais produzido, totalizando 3.290 unidades fabricadas nos Estados Unidos, Canadá e União Soviética. Com o acirramento do conflito mundial, unidades do Catalina incorporadas à Real Força Aérea da Grã-Bretanha estiveram em combate na Europa Oriental. 

Imagem: Acervo FAB

A partir de 1943, as primeiras unidades do Catalina foram entregues à Força Aérea Brasileira como parte de acordos firmados entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos. Das sete primeiras unidades enviadas, uma ficou baseada em Florianópolis (SC), três no Rio de Janeiro (RJ) e três em Belém (PA).

À época, o Catalina foi utilizado no patrulhamento da costa brasileira, então sob ataque alemão. Em 31 de julho de 1943, um dos Catalinas entrou em combate e afundou o submarino alemão U-199 nas proximidades da costa carioca. 

Ao término do conflito, esses modelos passaram a ter usos diversos na aviação civil, em operações de busca e salvamento. Na região amazônica, teve papel destacado devido às características técnicas da aeronave, que se adequava às condições geográficas da bacia amazônica e à ausência de aeroportos.

A aeronave PBY-6A, que se encontra na Base Aérea de Belém, tombada pelo Iphan, equipou a FAB e também foi utilizada pela Companhia Cruzeiro. Popularmente conhecido como Cat ou Pata Choca, o Catalina esteve em todos os mares, em tempos de guerra e paz. 

Imagem: Acervo Iphan-PA

Imagem: Acervo Iphan-PA

“Saliento que todos os técnicos e pareceristas que participaram desse longo processo foram unânimes em afirmar a importância desses aviões para a memória nacional e se manifestaram, de um modo geral, em favor de sua preservação, tendo em vista a grande relevância histórica de sua participação”, concluiu o parecer do conselheiro José Carlos Mathias, que foi relator do processo de tombamento dos Catalinas. 

Informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Leia mais:

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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