A chinesa Drayton Aerospace tem planos ambiciosos para o Brasil, onde almeja estabelecer uma base de manutenção completa e abocanhar uma fatia do mercado de MRO (da sigla em inglês para Manutenção, Reparação e Revisão). Falando ao AEROIN, a empresa atualizou seus planos para o curto e médio prazos.
Atualmente, a Drayton possui uma base em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde ocupa uma boa parte da estrutura que, no passado, foi da Varig e da TAP M&E. A planta no aeroporto Salgado Filho, adquirida em março de 2019 e em operação desde dezembro de 2020, tem foco na manutenção de trem de pouso, motores, componentes e acessórios, oferecendo alternativas aos clientes do mercado brasileiro e internacional.
No entanto, os planos vão além. Depois de ter participado da licitação para assumir o hangar da TAP M&E no Galeão (que acabou sendo vencida pela United), a Drayton segue com a ambição de ampliar seu escopo do país.
Segundo os executivos da empresa, ainda no primeiro semestre de 2023, a companhia pretende começar a oferecer serviços de Airframe, com foco em ter dois grandes e eficientes hangares em dois estados do Brasil. Atingindo essa meta, o MRO acredita que poderá oferecer uma melhor logística de atendimento e torna-se referência.
De fato, desde que a TAP M&E deixou o Brasil, o país passou a carecer de uma estrutura de manutenção independente das grandes empresas nacionais. Não apenas isso, tem sido notória nos últimos meses a dificuldade das próprias aéreas do país e de fora de conseguir slots de manutenção em oficinas.
Matérias recentes do AEROIN evidenciam exatamente como Latam, Azul e Gol mandaram aeronaves para fora do Brasil a fim de fazerem manutenção na Europa, América do Norte e até no Oriente Médio, sempre devido à falta de horários disponíveis nos MRO mais próximos. O próprio hangar da United, no Rio de Janeiro, não está funcional ainda e também não deverá fornecer serviços amplos a clientes externos, como fazia antes a TAP M&E.
Desta forma, caso a Drayton expanda sua operação como planejado, o Brasil tem muito a ganhar, reforçando sua referência para que empresas de fora possam enviar cada vez mais aeronaves para manutenção por aqui, gerando empregos e renda.
A unidade de negócio da Drayton em Porto Alegre é habilitada para atender aeronaves Boeing 737 NG, 757, 767 e 737 Classic, Embraer ERJ-145, E-Jets, Hawker, ATR 42 e 72, além dos militares P-3 Orion e F-15. Em breve, a família Airbus e Phenom, da Embraer, também se juntarão à lista, expandindo a oferta de serviço de manutenção de trem de pouso. Atualmente são mais de 100 colaboradores no país, com perspectiva do aumento do efetivo nos próximos meses.