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El Salvador recebe três aviões Airbus A320 com deportados venezuelanos dos EUA

Em uma ação inédita de cooperação entre os Estados Unidos e El Salvador, autoridades dos dois países anunciaram a transferência de membros de organizações criminosas internacionais.

Segundo declarações veiculadas nas redes sociais, a operação envolveu tanto integrantes da organização venezuelana Tren de Aragua quanto membros da temida gangue MS-13.

Foram utilizadas ontem (15) três aeronaves Airbus A320ceo da Global Crossing Airlines (Global X), que é a empresa aérea americana que mais tem feito voos de deportados após a falência da iAero Airways (Swift Air). Essas aeronaves são as mesmas que mensalmente têm transportado brasileiros deportados dos EUA para o Brasil, incluindo um voo que pousou esta semana em Fortaleza.

No vídeo publicado pelo presidente salvadorenho, Nayib Bukele, é possível ver os jatos no Aeroporto de El Salvador sendo recebidos por uma grande comitiva de policiais e militares, inclusive com escolta de três helicópteros, sendo dois do modelo MD Helicopters MD 500 e um Bell UH-1H Huey.

Em mensagem publicada pelo secretário Marco Rubio, dos EUA, foram destacados os números da operação: “Enviamos 2 líderes perigosos e outros 21 dos mais procurados da MS-13 para que enfrentem a justiça em El Salvador. Além disso, conforme prometido pelo Presidente Trump, despachamos mais de 250 membros de gangues inimigas, provenientes do Tren de Aragua, que serão mantidos em cárceres salvadorenhos a um preço justo, o que também economizará os recursos dos contribuintes.” Rubio ainda enalteceu Bukele, descrevendo-o como “o mais forte líder de segurança da nossa região e um grande amigo dos EUA.

Em continuidade, o presidente Bukele informou que “hoje, os primeiros 238 membros da organização criminosa venezuelana Tren de Aragua chegaram ao nosso país”. Segundo sua declaração, os indivíduos foram imediatamente encaminhados para o CECOT (Centro de Confinamento ao Terrorismo), a famosa prisão de segurança máxima e tolerância zero, onde permanecerão por um período inicial de um ano, com possibilidade de renovação. Bukele destacou que “os Estados Unidos pagarão uma taxa muito baixa por esses detentos, enquanto o valor é bem alto para nós”, enfatizando o ganho financeiro e operacional da medida.

Revés logo após o pouso

Horas após o pouso dos jatos A320 em El Salvador, um juiz americano do Distrito de Columbia (DC) ordenou que os voos retornassem com os imigrantes deportados.

Bukele inclusive publicou uma imagem de uma reportagem sobre a decisão judicial e ironizou, dizendo “ops, tarde demais“. Trump utilizou uma lei de 1798 que permite que estrangeiros que participem de grupos inimigos estrangeiros sejam deportados para países terceiros. Porém, esse regulamento só havia sido usado durante as duas grandes guerras mundiais e na Guerra de 1812, entre os EUA já independentes e o Reino Unido.

O juiz alegou que o uso dessa lei é equivocado, já que as gangues estrangeiras, por mais que hoje sejam classificadas como grupos terroristas, não fazem parte de uma força oficial de outro país. Assim, não caberia uma interpretação da lei para grupos paramilitares, pois a legislação de 1798 foi feita para tempos de guerra, visando a deportação de soldados inimigos ou agentes de estados estrangeiros.

Outro ponto alegado é que os deportados não tiveram o devido processo legal com amplo direito à defesa antes do voo de deportação ocorrer.

O Departamento de Justiça dos EUA já afirmou que irá recorrer da decisão, e a Procuradora-Geral Pam Bondi disse que “um juiz do DC colocou apoio aos terroristas do Tren de Aragua acima da segurança dos americanos, e isso põe a segurança pública e dos agentes da lei em risco“. A decisão é liminar e uma audiência está marcada para o próximo dia 21 de março. Até lá, espera-se que novos voos de deportação para El Salvador não ocorram.

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