Edmundo González Urrutia, um dos principais líderes da oposição venezuelana, está sendo levado a Madri em um avião da Força Aérea Espanhola, buscando proteção política diante das ameaças do regime do ditador Nicolás Maduro. A informação foi confirmada pelo ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, que anunciou que o governo espanhol analisará o pedido de asilo de uma maneira favorável.
A transferência de González Urrutia segue meses de tensão e perseguições do governo venezuelano, que resultaram em sua condição de refugiado na Embaixada da Espanha em Caracas. “Ele está a caminho da Espanha e fez um pedido formal para asilo. O governo da Espanha está comprometido em processar e conceder o asilo”, afirmou Albares, informa o noticiário colombiano El Tiempo.
O voo está sendo realizado a bordo de um jato executivo do modelo Dassault Falcon 900, usado em transporte VIP pelo governo espanhol. Segundo imagens da plataforma de rastreamento ADS-B Exchange, a aeronave fez uma escala nos Açores, em Portugal, antes de seguir para a Espanha.
González Urrutia, que se considera o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais que reelegeram Maduro, tinha se mantido escondido desde o final de julho, quando a oposição organizou protestos em resposta ao resultado controverso, que não foi acompanhado pela transparência exigida.
O opositor enfrenta acusações de crimes graves pelo regime do ditador Maduro, como instigação à desobediência e conspiração, resultantes dos tumultos que se sucederam ao pleito.
Por isso, foi emitida uma ordem de prisão contra ele. No entanto, de forma controversa, sua saída da Venezuela ocorreu após um salvo-conduto concedido pelo próprio governo de Maduro, conforme revelado pela vice-presidente Delcy Rodríguez. Segundo ela, a autorização foi apresentada como um gesto de “tranquilidade e paz política”. No entanto, muitos opositores argumentam que se trata de uma estratégia para silenciar a resistência.
Os eventos recentes reacenderam a polêmica sobre a legitimidade do regime de Maduro, que tem enfrentado críticas tanto dos Estados Unidos quanto da União Europeia. Desde o anúncio do resultado das eleições, o país vivenciou uma onda de protestos, que resultaram em tragédias: 27 mortes, mais de 190 feridos e 2.400 detenções.
O ditador Nicolás Maduro, que atribui os distúrbios à oposição, manifestou sua intenção de prender tanto González Urrutia quanto a também oposicionista María Corina Machado, acusando-os de serem responsáveis pela violência. De todo o modo, Maduro nunca apresentou evidências de que foi, de fato, reeleito.