Em meio a caos, civis e militares se enfrentam em aeroporto peruano; 8 mortes confirmadas

Reprodução do vídeo abaixo

Na medida em que o caos vai tomando conta do Peru, após a deposição e prisão do ex-presidente Pedro Castillo, que tentou dar um golpe de estado, cenas de enfrentamento entre forças policiais, militares e manifestantes a favor do político tomam as redes sociais.

Uma das batalhas mais violentas até o momento se deu pela retomada do aeroporto de Ayacucho, invadido por civis que pedem a soltura do presidente e a realização de novas eleições gerais. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte do conflito em plena pista de pousos e decolagens, o qual teria resultado em oito mortes e 51 feridos, segundo uma reportagem do jornal El Comercio.

Há cerca de duas semanas, Castillo, um professor e líder sindical que alçou-se ao poder nas últimas eleições, tentou decretar a dissolução do congresso peruano, maiormente oposto ao seu regime. A resposta do parlamento veio rápido, com a deposição e prisão do político, suportada pela justiça peruana e as forças armadas.

Em meio a um ambiente político altamente polarizado, a prisão de Castillo foi o gatilho para uma série de protestos inicialmente pacíficos, mas que agora atingem certo grau de violência, com combates nas ruas. Ao longo dos últimos dias, cinco aeroportos chegaram a ser fechados no interior do Peru, inclusive o de Cusco (reaberto na sexta-feira), porta para a maior atração do país, Machu Picchu.

Em comunicado, o Governo Regional de Ayacucho culpou a presidente Dina Boluarte e os ministros do Interior e da Defesa, César Cervantes e Luis Alberto Otárola, respectivamente, pelo ocorrido em sua jurisdição. “Exigimos o fim imediato do uso de armas de fogo e da repressão das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Peru contra nossa população, condenamos todos os atos de vandalismo”, afirmou.

Em entrevista à RPP , a defensora pública peruana Eliana Revollar explicou que à tarde houve uma tentativa de manifestantes de entrar no terminal aéreo Alfredo Mendívil Duarte e, nesse momento, foi quando “estourou um tiroteio que foi acompanhado por helicópteros que começaram a lançar bombas de gás lacrimogêneo, não só naquele palco, mas por toda a cidade”.

“Tenho conversado com o ministro da Defesa para dizer a ele que as ações do Exército têm que ser de apoio à Polícia. Não é possível que haja um bombardeio de gás lacrimogêneo em toda a cidade, gerando ansiedade”, afirmou.

As tensões seguem fortes no Peru e analistas políticos ouvidos pela mídia latina não veem uma solução de curto prazo. A presidente em exercício, Dina Boluarte, disse que proporia a antecipação das eleições gerais para abril de 2024, mas tal sinalização também não foi bem recebida pelos manifestantes

Um decreto foi promulgado, declarando estado de emergência em todo o país por um período de 30 dias corridos.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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