Em meio a problemas na pintura do 787, Boeing pede isenção de cumprimento de regra

Foto: Aviacionline

Há alguns anos, a fabricante americana Boeing tem enfrentado desafios com a pintura das suas aeronaves 787 Dreamliner e, para contornar isso de uma vez por todas, busca uma isenção da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) sobre alguns regulamentos. A fabricante diz que pode resolver o problema com um novo sistema de pintura, mas que “várias disposições legais estão atrasando a conclusão deste projeto”, reportou uma matéria da Reuters.

O problema não é novo para a Boeing e foi reportado formalmente, pela primeira vez, em 2020, quando um alerta foi emitido pelo Departamento dos Transportes (DOT) dos EUA aos operadores do modelo. À época, foi informado que “certos exemplares do modelo 787 são propensos a falhas de adesão de pintura devido a danos de raios ultravioleta (UV)”.

Um documento posterior da FAA recomendou como solução de curto prazo o “uso de fita adesiva sobre as áreas afetadas”. Depois disso, vários Dreamliners foram vistos voando com superfícies de asas com fitas para cobrir a descamação. Outra solução recomendada foi a repintura das superfícies das asas e do estabilizador horizontal com um intervalo de tempo menor do que o padrão.

A Boeing, no entanto, sugere outra solução, por um lado por não concordar com o uso da fita, que poderia passar a impressão de insegurança aos passageiros e, por outro, por entender que a repintura recorrente poderia desgastar o material das asas. A fabricante, então, diz que a solução seria “incorporar uma camada de acabamento preto bloqueador de ultravioleta entre o primer e o acabamento branco, além de aumentar a espessura total permitida do acabamento externo”. 

E continua: “Como a espessura do acabamento externo pode afetar a proteção contra raios do tanque de combustível, e a cor preta tem uma maior capacidade de absorção da radiação UV em relação ao esquema de pintura existente, essa mudança deve ser avaliada quanto ao impacto na prevenção de danos por raios no tanque de combustível”. É aí que entra o pedido de isenção. “Assim, é necessária uma isenção para permitir a incorporação oportuna desta solução de manutenção da frota para minimizar a carga da frota de aviões”.

O pedido da Boeing pode ser delicado para a FAA, que tem que ser o fiel da balança para garantir que os passageiros estão embarcando em aeronaves seguras. Abrir simplesmente a exceção sem fiscalizar a segurança da solução proposta pode gerar um passivo futuro para o regulador. Talvez por isso até agora o problema não foi resolvido.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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