Embraer apresenta Joelize, a brasileira que ‘voa baixo’ nas lavouras do país

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Joelize Friedrichs com o Ipanema – Imagem: Embraer

No início desta semana, homenageamos as mulheres no Dia Internacional da Mulher através de uma matéria especial sobre a história da Bruna, Chefe de Bombeiros do Aeroporto de Guarulhos.

E naquele dia, a fabricante brasileira de aviões Embraer também deixou sua homenagem a elas, ao apresentar uma pilota que, assim como Bruna, mostra que as mulheres são excelentes profissionais em qualquer profissão, inclusive naquelas tradicionalmente dominadas por homens.

A 441 km de Porto Alegre, a sudoeste de uma serra cravejada de parreirais e ao lado da fronteira com o Uruguai, fica o município de Dom Pedrito. Apesar de a população não passar dos 40 mil habitantes, a terra onde o acordo de paz da Revolução Farroupilha (1835-1845) foi firmado é farta e ampla, e faz dela um polo notável de produção nacional de arroz.

Todos os verões, os arrozais de Dom Pedrito e de outros municípios do entorno – Uruguaiana, Itaqui, Santa Vitória do Palmar, Alegrete e São Borja – colorem os pampas de verde erva-mate. Há dois verões, a aviadora Joelize Friedrichs, 29 anos, ajuda a deixar o verde ainda mais nítido.

De novembro a abril, ela troca a cidade natal de Não-Me-Toque (RS) pelo hangar de uma empresa de aviação agrícola no interior de Dom Pedrito. Durante alguns meses, esse é a morada dela e de outros colegas pilotos. Nesse período, lança sementes, ureia e outros insumos sobre as lavouras de arroz, soja e pastagens.

Pilotas e pilotos | “A busca por respeito é a mesma”

Joelize teve de abrir os próprios caminhos por todos os lugares por onde passou. Até hoje é a única aviadora das empresas em que já trabalhou. Foi a primeira aluna do aeroclube onde estudou e a primeira professora a dar instruções sobre aviação agrícola nessa mesma escola.

Como se não bastasse tanto ineditismo, o ambiente agrícola também é predominantemente masculino. Joelize conta que quase a totalidade dos fazendeiros, agricultores, agrônomos, pilotos e clientes com quem convive em seu ofício são homens. Mas a busca por respeito e resultados, diz, é igual.

“No momento em que a gente fecha a janela do avião, não interessa quem está dentro. A partir daí vale o serviço prestado e os resultados da lavoura. Faço o melhor trabalho possível. O respeito que meus colegas homens e eu buscamos é o mesmo. As dificuldades que eles têm na profissão eu também tenho”, comenta Joelize.

Ipanema, a aeronave movida a etanol

Um dos aviões que Joelize conhece muito bem e faz parte de sua jornada é o Ipanema, modelo produzido pela Embraer desde 1971 e com mais de 1.400 unidades já entregues. Desde 2004, figura como a única aeronave do mundo 100% movida a etanol. Capaz de transportar mais de mil litros, é usado para pulverização de sementes e defensivos agrícolas, mas também no combate a incêndios e lançamento de alevinos para pulverização de rios.

A 200 km/h e a apenas quatro metros do chão, Joelize trabalhou com o mesmo Ipanema por quatro anos consecutivos, em lavouras de milho, cana-de-açúcar e milho em Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Nesses estados, cobriu safras que iam de outubro a maio.

Ao longo dessas temporadas, o avião era um companheiro mais que constante. “Como passava muito tempo no Ipanema, a safra inteira, criei um carinho por ele, como se fosse quase um animal de estimação”, descreve a piloto.

Avião Agrícola Embraer Ipanema 203
Imagem: Embraer

“Um voo mais livre e autônomo”

As normas para poder atuar no setor de aviação agrícola exigem um treinamento especial, ao qual também passou Joelize, que se formou como pilota comercial e, depois de 370 horas de voo, pôde cursar aviação agrícola. Ela, que já trabalhou com táxi-aéreo, considera os voos agrícolas mais prazerosos.

As empresas que trabalham no setor precisam seguir uma série de normas para garantir a segurança e integridade dos empregados, das pessoas que vivem em áreas próximas às zonas pulverizadas e do meio ambiente.

De acordo com a Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), além de pilotos e pilotas bastante qualificados, é obrigatório que no quadros de funcionários desse tipo de companhia existam profissionais encarregados de checar se todos estão seguindo as diretrizes de segurança, além de um engenheiro agrônomo e um técnico agrícola especializados em operações aeroagrícolas.

Ainda assim, para Joelize é um voo mais livre. “Quando estou pilotando, eu decido horário de decolagem, pouso, destino, pista, peso do avião, tudo. Faço um voo mais autônomo. E a região sul do Rio Grande do Sul é muito bonita, tem várias áreas de preservação. É gostoso voar aqui”, finaliza ela.

Texto: Embraer

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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