Embraer aumenta receita em 55% no 1º trimestre, mas prejuízo é de R$ 522,9 milhões

A Embraer apresenta hoje, 29 de abril, seus resultados relativos aos primeiros três meses deste ano de 2021 (1T21), consolidados até 31 de março de 2021. Depois de uma melhora no 4º trimestre de 2020, quando o prejuízo ajustado havia sido de -R$ 70 milhões de reais, a fabricante brasileira de aviões voltou a enfrentar uma piora deste indicador, registrando agora -R$ 522,9 milhões.

Os principais destaques apontados pela empresa foram:

– No 1T21, a Embraer entregou nove aeronaves comerciais e 13 executivas (dez jatos leves e três grandes) e sua carteira de pedidos firmes (backlog) foi de US$ 14,2 bilhões;

– A Receita líquida atingiu R$ 4.452,1 milhões no 1T21, representando aumento de 55% em relação ao 1T20 com crescimento em todos os segmentos de negócio;

– Em 23 de abril, a Companhia assinou um pedido firme de 30 jatos E195-E2 com um cliente não divulgado. As 30 aeronaves serão incluídas na carteira de pedidos (backlog) do 2T21, com as entregas começando em 2022;

– No 1T21, a Embraer apresentou Prejuízo líquido ajustado (excluindo-se impostos diferidos e itens especiais) de R$ 522,9 milhões e Prejuízo por ação ajustado de R$ 0,71;

– O Fluxo de caixa livre da Embraer apresentou um uso de R$ 1.211,0 milhões, consistente com a sazonalidade normal do primeiro trimestre, porém com uma melhoria significativa em comparação ao uso de R$ 2.898,8 milhões do 1T20, principalmente em função da queda nos níveis de estoque como resultado das medidas tomadas para estabilizar a produção e as operações em meio à pandemia da Covid-19;

– A Companhia encerrou o trimestre com caixa total de R$ 14,0 bilhões e dívida líquida de R$ 10,8 bilhões.

Acompanhe a seguir mais detalhes do trimestre.

Receita Líquida e Margem Bruta

No 1T21, a Embraer entregou 9 jatos comerciais e 13 jatos executivos (sendo dez jatos leves e três jatos grandes), totalizando 22 aeronaves entregues no período. Isso se compara aos 5 jatos comerciais e 9 jatos executivos (cinco jatos leves e quatro grandes) que foram entregues no 1T20, totalizando 14.

Apesar da pequena melhora, a empresa ressalta que o período do ano passado teve impacto negativo nas entregas devido às medidas adotadas para a separação do segmento de Aviação Comercial, relacionada à, agora encerrada, parceria estratégica com a The Boeing Company.

Historicamente, o primeiro trimestre do ano é sazonal e apresenta um menor número de entregas, porém com algumas regiões do mundo, principalmente os Estados Unidos, apresentando crescimento da vacinação e do tráfego aéreo nos mercados de aviação comercial e executiva, a Companhia está cautelosamente otimista para uma cadência trimestral de entregas mais equilibrada em 2021 em comparação a 2020.

No 1T21, a receita líquida foi de R$ 4.452,1 milhões, crescimento de 55% em relação ao 1T20, impulsionada principalmente pelo crescimento das receitas na Aviação Comercial (+145%), Aviação Executiva (+38%), Defesa & Segurança (+51%) e Serviços e Suporte (+17%), na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A margem bruta consolidada da Embraer no 1T21 foi de 9,5% ante os 29,1% no 1T20. Parte dessa queda é explicada pelo fato de que a Companhia havia colocado a maioria de seus funcionários baseados no Brasil em licença remunerada durante o mês de janeiro de 2020 para completar a separação interna do negócio de Aviação Comercial, e novamente em licença remunerada no final de março 2020, quando as operações brasileiras foram fechadas devido à pandemia da Covid-19, resultando na alta margem do início do ano passado.

As despesas com salários dos funcionários em licença remunerada foram tratadas como custos anormais e registradas na conta de “Outras despesas operacionais” durante esses períodos, e não no custo das mercadorias vendidas.

Além disso, custos de modificação e de não-qualidade, acima do esperado no 1T21, impactaram a margem bruta no segmento de Aviação Executiva, e o mix de entregas e a desvalorização do real brasileiro em relação ao dólar americano afetaram negativamente a margem bruta no segmento de Defesa & Segurança em comparação ao 1T20.

Resultado Operacional e Margem Operacional

O resultado operacional (EBIT) e a margem operacional reportados no 1T21 foram de -R$ 178,8 milhões e -4,0%, respectivamente, comparados aos -R$ 209,1 milhões e aos -7,3% reportados no 1T20. Os resultados do 1T21 incluem -R$ 19,2 milhões em despesas com reestruturação organizacional e custos de reintegração do negócio de Aviação Comercial e seus serviços relacionados.

No ano passado, o resultado operacional do 1T20 incluía o impacto total negativo de -R$ 271,7 milhões, assim dividido:

1) -R$ 163,1 milhões em provisão adicional para perdas de crédito esperadas durante a pandemia, principalmente na Aviação Comercial e;

2) -R$ 108,6 milhões em variações negativas no valor da participação da Embraer na Republic Airways Holdings.

Excluindo-se esses itens especiais, o EBIT ajustado e a margem EBIT ajustada do 1T21 foram de -R$ 159,6 milhões e -3,6%, respectivamente, comparados aos R$ 62,6 milhões e 2,2% reportados no 1T20, e foram impactados por margens menores nos segmentos de Aviação Executiva, Defesa & Segurança e Serviços & Suporte, que foram parcialmente compensadas por uma melhor lucratividade na Aviação Comercial.

Os resultados do primeiro trimestre do ano passado incluíram custos de separação de R$ 253,9 milhões para a segregação dos negócios de Aviação Comercial e seus serviços relacionados, em conexão com a parceria estratégica, agora encerrada, com a The Boeing Company. Os resultados do 1T21 não incluem quaisquer custos de separação.

As despesas administrativas no 1T21 totalizaram R$ 188,4 milhões e apresentaram crescimento em relação aos R$ 143,7 milhões reportados no 1T20, tendo como principal motivo o fato de que os salários dos funcionários em licença remunerada, em janeiro e março de 2020, terem sido reconhecidos em outras despesas operacionais e não em despesas administrativas, conforme mencionado anteriormente.

As despesas comerciais subiram para R$ 251,0 milhões no 1T21, em comparação aos R$ 212,0 milhões no 1T20, basicamente em função da variação cambial do período.

No 1T21, as perdas líquidas sobre contas a receber e ativos de contrato foram mínimas em R$ 1,0 milhão, enquanto que no 1T20, foram contabilizados R$ 162,2 milhões em provisões adicionais conforme os impactos da pandemia na indústria global de aviação comercial começaram a surgir, o que levou a Embraer a aumentar suas perdas esperadas naquele período.

As despesas com pesquisa aumentaram de R$ 26,4 milhões no 1T20 para R$ 46,2 milhões no 1T21.

Outras receitas operacionais líquidas apresentou despesa de R$ 118,6 milhões no 1T21 em comparação à despesa de R$ 515,5 milhões no 1T20. Essa linha incluiu o reconhecimento de R$ 19,2 milhões em despesas com reestruturação contabilizadas no 1T21, além de R$ 108,6 milhões em despesas relacionadas às variações negativas no valor da participação da Embraer na Republic Airways Holdings, contabilizadas no 1T20.

Excluindo-se os valores dos itens especiais reconhecidos nessa conta, Outras receitas operacionais líquidas apresentaram despesa de R$ 99,4 milhões no 1T21 comparada à despesa de R$ 406,9 milhões reportada no 1T20, tendo como principal motivo para essa redução a ausência, no 1T21, dos custos de separação que no 1T20 haviam sido de R$ 253,9 milhões.

Além disso, como citado acima, no 1T20 a Companhia fez o reconhecimento de custos anormais relacionados aos salários dos funcionários em licença remunerada ao invés de contabilizá-los no custo dos produtos vendidos e nas linhas de despesas administrativas, comerciais e de pesquisa.

Resultado Líquido

No 1T21, a Embraer apresentou prejuízo líquido de R$ 489,8 milhões, comparados ao prejuízo líquido de R$ 1.276,5 milhões no 1T20.

O prejuízo líquido ajustado, por sua vez, excluído do Imposto de renda e contribuição social diferidos e também do impacto líquido, após imposto dos itens especiais que eventualmente tenham sido contabilizados, no trimestre foi de R$ 522,9 milhões. Na comparação entre os trimestres, no 1T20, o prejuízo líquido ajustado havia sido de R$ 433,6 milhões.

Mais informações podem ser acessadas diretamente no comunicado da Embraer, que pode ser baixado clicando aqui.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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