A Embraer enfatizou os aspectos de segurança de seu sistema de decolagem automática, conhecido como E2TS, enquanto se prepara para as medidas de certificação na Europa e nos Estados Unidos. Este sistema já foi instalado em um avião E195-E2, e a fabricante planeja disponibilizá-lo em toda a sua gama de E-Jets.
Como detalha uma matéria do FlightGlobal, o E2TS foi projetado para otimizar a decolagem, garantindo que a aeronave atinja um ângulo de inclinação adequado para evitar o risco de tail-strike (situação em que há impacto da cauda do avião na pista), antes de aumentar o ângulo de inclinação imediatamente após a decolagem, permitindo uma maior altitude e reduzindo a distância total de decolagem.
Patrice London Guedes, líder técnico do E2TS, mencionou que o sistema utiliza uma arquitetura fly-by-wire, composta por três computadores de controle de voo e quatro sensores de dados de voo, para garantir o “mais alto nível de integridade e disponibilidade.” Além disso, a capacidade de perseguir um maior ângulo de inclinação após a decolagem melhora a capacidade de peso na hora da decolagem.
Guedes acrescenta que o sistema se desliga sem desvios significativos e reverte para o controle do piloto após uma única falha. “Além da otimização do desempenho na decolagem, o sistema irá melhorar enormemente a segurança, reduzindo a carga de trabalho do piloto e tornando as operações ainda mais precisas e consistentes”, disse ele.
Para garantir que os pilotos compreendam a funcionalidade do E2TS e o comportamento da aeronave, serão oferecidos treinamentos dedicados, incluindo uma sessão de aula teórica de meio dia. Luis Carlos Affonso, vice-presidente sênior de engenharia da Embraer e piloto do E2 equipado com o sistema, destacou que os procedimentos operacionais padrão permanecem “absolutamente os mesmos”.
Os pilotos alinham a aeronave na pista e armam o E2TS através da unidade de controle e exibição multifuncional. Após selecionar o E2TS, a tripulação ativa o piloto automático e o controle automático de potência. Enquanto a aeronave acelera, os pilotos usam as chamadas padrão, exceto que não há uma rotação manual após o chamado de “rotate”.
“Você só precisa se concentrar em não rotacionar a aeronave – permitindo que ela se rotacione sozinha”, enfatizou Carlos Affonso. “Se você tentar rotacionar, o sistema se desligará.”
A Embraer desenvolveu uma nova lei de controle como base para o E2TS, otimizando-a através de “milhares” de simulações de decolagens para maximizar o desempenho enquanto evita tail-strikes. Affonso comparou o E2TS ao sistema de autoland, que foi aplicado a aeronaves comerciais há cerca de 50 anos.
“Gostamos de dizer que [o E2TS] é um sistema automático, não um sistema autônomo”, afirmou. “Assim como você tem o autolanding, a Embraer está introduzindo o auto-take-off.” Ele garantiu que “falhas são extremamente improváveis”, acrescentando que o sistema pode lidar com ventos cruzados e cenários de perda de um motor, ainda assim conseguindo rotacionar com mais precisão do que um piloto faria normalmente.