Por combustível, Embraer E195 da Azul faz pouso de emergência no Rio de Janeiro

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Um jato do modelo Embraer E195 da Azul Linhas Aéreas, de matrícula PR-AYN, fez um pouso de emergência no aeroporto internacional Tom Jobim (RIOgaleão), na quarta-feira, 11 de novembro. Os dados foram informados pela companhia aérea ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), da Força Aérea Brasileira.

A quem tiver curiosidade, o reporte original no CENIPA está no Painel Sipaer.

O que houve

Segundo o relatório registrado no CENIPA, a aeronave decolou às 20h17 de quarta-feira de São Paulo (Congonhas) com destino a Belo Horizonte (Confins) para a realização do voo regular AD-4133. A bordo iam cinco tripulantes e noventa e nove passageiros.

O voo entre as capitais paulista e mineira dura geralmente pouco menos de uma hora, no entanto, quando já a caminho de iniciar a aproximação, a tripulação observou que as condições meteorológicas estavam adversas em BH e que o pouso não poderia acontecer ali, levando-os a mudar o destino para o Rio de Janeiro (aeroporto de alternativa).

Quando já em aproximação para o Rio, dado o tráfego aéreo do momento e à necessidade de seguir um sequenciamento para o pouso, os pilotos julgaram que havia o risco da aeronave acabar num nível muito baixo de combustível e, portanto, decidiram por declarar emergência e terem prioridade no pouso. No reporte do CENIPA, consta a informação de que o pedido de emergência “ocorreu de maneira preventiva, a fim de manter o nível de combustível a bordo dentro da margem de segurança”.

Depois disso, o pouso ocorreu normalmente no Galeão.

Relato de passageiro

O passageiro Adelmo Felicori Jr. estava no voo e relata, sob seu ponto de vista, o incidente reportado no Cenipa, acompanhe: “estava no voo AD4133, poltrona 6D que alternou para o Rio. Li sua reportagem sobre o assunto e cabe fazer alguns comentários. O voo estava normal até aproximarmos a Confins onde o tempo estava realmente muito ruim. O comandante, que não conheço mas vi que era muito experiente, tentou o pouso pela pista de um lado de Confins, mas não conseguiu uma estabilidade para o pouso seguro e arremeteu, após fazer nova aproximação, já para a pista do lado de Lagoa Santa (oposta) também não conseguiu e arremeteu novamente.

Assim para segurança de todos, já que o combustível ficaria prejudicado devido às duas aproximações para pouso infrutíferas, o comandante nos explicou claramente o que estava acontecendo, inclusive com relação normas para combustível conforme citada em sua reportagem, alternou para o Rio em um voo tranquilo e um pouso também dentro da normalidade. Ficamos dentro da aeronave e uma hora após, depois da autorização do CENIPA, reabastecemos e retornamos para BH/Confins onde chegarmos sem nenhuma intercorrência. Realmente vi dois carros do corpo de bombeiros ao pousarmos no Rio, não sei por ser padrão nestes casos ou a pedido do comandante. Mas em nenhum momento sentimos que estávamos em perigo, com todos passageiros calmos, dentro possível, e muito pela postura dos dois pilotos que a todo momento nos esclareciam o que estava acontecendo e que era uma operação dentro dos padrões de segurança”.

Combustível reserva

Observa-se nesse caso que o avião decolou “leve” de São Paulo, ou seja, com combustível suficiente para o voo de uma hora e mais a alternativa de uma hora, dentro das regras da aviação.

Sobre essas regras, a emenda nº 08 do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil – RBAC nº 121 e dispõe a regra de disponibilidade de combustível a bordo em sua seção 121.645. Segundo ela “o detentor de certificado deve levar a bordo quantidade suficiente de combustível utilizável para completar o voo planejado com segurança e para permitir desvios com relação à operação planejada”.

Pela lei, o avião deve ter combustível suficiente para voar à sua alternativa e considerar uma reserva final “que deve ser a quantidade de combustível calculada usando o peso estimado para o avião no momento da chegada ao aeródromo de alternativa de destino, ou ao aeródromo de destino quando nenhum aeródromo de alternativa de destino for requerido” e que “para aviões com motor a turbina, a quantidade de combustível requerida para voar por 30 minutos a velocidade de espera a 450 m (1500 pés) sobre a elevação do aeródromo em condição de atmosfera padrão”.

Nesse caso, não temos os dados do voo, mas os pilotos entenderam que uma espera prolongada devido ao tráfego aéreo poderia colocar a aeronave em risco de resultar abaixo do limite de combustível e, portanto, decidiram por priorizar a segurança dos passageiros e solicitaram a prioridade para o pouso.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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