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Embraer EMB-121, o primeiro avião pressurizado do Brasil

Sabe aquele ditado: “quando a vida te der limões, faça uma limonada”? O Embraer EMB 121 “Xingu” nasceu exatamente de uma situação como essa, nos idos dos anos 70.

Avião Embraer EMB 121 Xingu Voo
Imagem: Embraer

O Embraer EMB 121 foi o avião brasileiro mais inovador de seu tempo, embarcando tecnologias inéditas na aviação nacional dos anos 70 e imprescindíveis para a expansão da indústria nas décadas seguintes.

De um lado, o mercado de jatos executivos crescia globalmente, demandando novos modelos da indústria. Do outro, a crise do petróleo não encorajava o desenvolvimento de aeronaves assim, com alto consumo e pouca capacidade de passageiros.

Os engenheiros da Embraer concluíram, assim, que uma aeronave teria de nascer com uma sede de combustível bem reduzida. Para isso, em vez de um jato, o projeto ganhou dois motores turboélices e virou o mais econômico da época, uma virtude que se tornaria tendência nas gerações futuras.

Batizando

Imagem: Embraer

O EMB 121 Xingu fez seu primeiro voo em 22 de outubro de 1976. Na época, era tradição na Embraer batizar todos os modelos de um jeito bem brasileiro, com nomes indígenas. Tinha o Ipanema, agrícola que voava sobre as plantações, o treinador Tucano, e muitos outros.

O nome Xingu batiza um rio que nasce no Mato Grosso e vai até o Amazonas e no entorno desse rio fica uma famosa e enorme reserva indígena, também chamada de Xingu. A homenagem aos povos indígenas dá a dimensão da responsabilidade carregada nas asas do bimotor.

Inovando

Imagem: Embraer

Ser um avião executivo de baixo consumo – gastando um quarto de combustível de um jato similar – foi só parte das inovações que o Embraer 121 teve o privilégio de estrear na aviação nacional.

O projeto tem as asas, os trens de pouso e os motores do Bandeirante, mas sendo menor, precisou ganhar alterações aerodinâmicas que melhorassem a performance no ar. Uma delas foi a colocação do estabilizador vertical no topo da cauda, formando um “T”, o que reduziu a turbulência causada pelas hélices e garantiu menor nível de vibração e de ruído.

Para deixar os oito passageiros ainda mais confortáveis e otimizar o consumo de combustível, os engenheiros decidiram que o Xingu voaria bem alto, a cerca de 9.000 metros de altitude (29.500 pés). Essa façanha exigiria a introdução de um recurso até então inédito na indústria aérea brasileira: a pressurização da cabine.

O primeiro voo, em 1976, ocorreu ainda sem o uso desse avanço. No ano seguinte, porém, os voos passaram a ocorrer bem acima das nuvens utilizando a pressurização.

Versatilidade

Mas o Embraer EMB 121 não era apenas a primeira aeronave pressurizada construída e projetada no país, e uma das mais silenciosas, estáveis e econômicas de sua época, mas também uma das mais bem desenhadas e versáteis.

Pode pousar em pistas muito curtas e, além do estabilizador vertical em “T”, ganhou um nariz longo e moderno como o de um jato, porém consumindo um quarto de combustível dos jatos de mesmo tamanho. Esse conjunto de qualidades o colocou como um marco nos avanços tecnológicos da aviação nacional.

Sucesso mundial

Imagem: Embraer

As raízes do Xingu são brasileiríssimas, mas o turboélice tem o passaporte carimbado em vários lugares do mundo. Além da Força Aérea Brasileira (FAB), que adquiriu alguns Xingus para o Grupo de Transporte Especial (GTE), 32 exemplares foram vendidos para a Piper Aircraft Corporation, dos Estados Unidos.

Em 1979, foi a vez de companhias britânicas se interessarem pelas notáveis qualidades. Na França, desde 1983 recebeu uma honrosa responsabilidade: treinar os pilotos da Força Aérea Francesa. Em torno de 23 exemplares continuarão exercendo essa função até o ano 2025. Ou seja, mais de 42 anos consecutivos em operação, um feito raríssimo no setor.

Apesar do tamanho reduzido, o Embraer EMB 121 recebeu grandes reconhecimentos. Em 1979, a Embraer usou a imagem da aeronave em um selo comemorativo de 10 anos da empresa. E a seguir, em 1980, o Xingu foi considerado o avião do ano!

Informações pela Embraer.

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