Emirates fica sob pressão após seu dono ser acusado de mandar armas para conflito na Etiópia

Imagem: Emirates

Nesta semana, vídeos passaram a circular na internet mostrando manifestantes no aeroporto de Londres (Heathrow), tentando chamar a atenção para potenciais crimes de guerra e atrocidades cometidas na região de Tigray, na Etiópia. Eles pegaram a empresa estatal Emirates como bode expiatório, já que investigações mostraram conexões dos Emirados Árabes Unidos com o fornecimento de armas para o conflito.

Uma investigação da Al Jazeera, datada do ano passado, afirmou que os Emirados Árabes Unidos estabeleceram uma ponte aérea com a Etiópia para ajudar a fornecer armas e outros apoios ao governo etíope. Imagens de satélite sugeriram que os Emirados Árabes Unidos forneceram aos militares da Etiópia drones fabricados na China, entre outros sistemas de armas.

As forças do governo etíope lutam contra os separatistas no nordeste do país desde 2020 e todas as partes envolvidas no conflito foram acusadas de abusos de direitos humanos, de acordo com as principais organizações não governamentais, incluindo Human Rights Watch e Anistia Internacional.

A Anistia Internacional alega que vários ataques aéreos na região de Tigray em agosto e setembro mataram centenas de civis. No início deste ano, a Human Rights Watch disse que houve uma “campanha amplamente invisível de limpeza étnica” na região de Tigray, mas crimes de guerra e abusos foram cometidos em todos os lados do conflito.

Os Emirados Árabes Unidos forneceram milhões de dólares em apoio humanitário à região, mas o país também foi acusado de aumentar o conflito ao fornecer armas ao governo etíope para ajudar a combater a Frente de Libertação do Povo Tigray. Os repórteres da Al Jazeera concluíram que cerca de 90 voos chegaram à Etiópia a partir de um aeródromo dos Emirados Árabes Unidos em apenas dois meses.

Embora não haja nenhuma evidência de que a Emirates tenha ajudado a fornecer armas às forças etíopes, a empresa estatal passou a simbolizar o envolvimento dos Emirados Árabes Unidos no conflito. Assim, na tarde de sábado, cerca de 200 manifestantes participaram de uma manifestação do lado de fora do Terminal 3 do Aeroporto de Heathrow, onde a aérea opera.

A manifestação transcorreu pacificamente com o mínimo de interrupção, embora um protesto semelhante no mês passado em Los Angeles tenha fechado os balcões de check-in da Emirates depois que manifestantes com cartazes bloquearam o acesso às instalações da companhia aérea.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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