Declarações do CEO da Qatar, Akbar al-Baker e do presidente da Emirates, Tim Clark, repercutidos pela mídia internacional, mostram preocupação com a crise em andamento e dão pistas sobre prováveis caminhos a serem seguidos por suas empresas, o que pode incluir o cancelamento de pedidos.
Qatar Airways
Em uma entrevista à Reuters nesta terça-feira (2), o CEO da Qatar Airways, Akbar al-Baker, alertou sobre a resistência das fabricantes Airbus e Boeing quanto ao adiamento de entregas de aeronaves, solicitado por sua companhia.
O executivo disse que a Qatar, assim como outras empresas aéreas, negocia com as fabricantes para adiar as entregas de aeronaves devido ao impacto da crise. “Estamos negociando com a Boeing e com a Airbus para cumprir nossa necessidade de adiamento e esperamos que ambos os fabricantes o façam”.
O CEO declarou que as fabricantes não têm outra alternativa a seguir e que, se elas dificultarem, não voltará a negociar, mas recorrerá ao cancelamento dos pedidos.
A Qatar já havia citado anteriormente que reduzirá sua frota de 235 para cerca de 200 jatos e diz não ter mais espaço para novas aeronaves, tudo por conta da queda na demanda por viagens aéreas, em consequência da pandemia.
A companhia aérea planeja manter cerca de 20% de sua frota no chão no futuro próximo e não espera voar para todos os 165 destinos que operava antes da pandemia até 2023, disse Baker. Os dez Airbus A380 da Qatar permanecerão estocados até pelo menos o final de 2021, acrescentou.
Segundo dados mais recentes, a Qatar Airways tem ainda cerca de 70 Airbus A350 a receber e mais cerca de 100 aeronaves Boeing, entre 777X e 787. No total, são cerca de $70 bilhões de dólares em contratos.
Emirates Airline
Por sua vez, a Emirates foi fruto de matéria da Bloomberg, onde demonstrou que não pode se comprometer com pedidos de aeronaves pendentes, também por conta da crise do novo coronavírus.
Tim Clark, presidente da aérea, declarou em um fórum online na segunda-feira (1) que, no atual cenário, a empresa está longe de ter confiança suficiente na economia, fluxo de caixa e nos resultados. Assim, não dá para dizer “se compraremos uma centena disso ou uma centena daquilo”, disse Clark.
A Emirates até o final de março ainda tinha pendentes para entrega mais de 200 aeronaves, incluindo Boeing 777 e 787, Airbus A350 e os últimos oito A380. Seu posicionamento atual coloca em dúvida uma carteira de pedidos de mais de $80 bilhões de dólares junto a Boeing e Airbus.
“Os fabricantes de aeronaves estão cientes de que as companhias aéreas precisam manter dinheiro em caixa e entendem que sempre existe a possibilidade de adiamentos ou mesmo cancelamentos de pedidos pelas empresas aéreas”, disse Clark. “Trata-se de sobreviver ao presente.”
Pelo jeito essa será uma tendência a ser seguida pelas demais companhias do globo. Muitas inclusive já anunciaram que pretendem ou mesmo já conseguiram adiar as entregas de novas aeronaves para o segundo semestre desse ano, para 2021 e até mesmo para mais à frente.
Boeing e Airbus não se manifestaram sobre o assunto.