A Emirates finalmente retomou seus voos para a Nigéria após uma suspensão de quase dois anos, provocada pela recusa do governo nigeriano em liberar cerca de US$ 85 milhões em receitas que a companhia aérea, sediada em Dubai, havia gerado no país, mas não conseguia repatriar.
Esse bloqueio de receitas tem sido um problema crescente para as companhias aéreas internacionais, com vários países dificultando a transferência dos lucros para os bancos nos países de origem das empresas.
De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), entre os países que mais bloqueiam receitas de companhias aéreas estão Paquistão, Bangladesh, Argélia, Etiópia, Líbano e Eritreia. Ao todo, cerca de US$ 1,8 bilhão permanecem retidos em diversos países.
Na Nigéria, porém, houve avanços significativos após o banco central do país começar a liberar os fundos bloqueados. No auge da crise, em junho de 2023, a Nigéria detinha até US$ 850 milhões, pois o banco central nigeriano optava por reter as receitas geradas em dólares americanos.
Embora muitas companhias aéreas internacionais tenham continuado suas operações no país apesar do problema, em 2022, a Emirates ameaçou suspender seus serviços a menos que os fundos fossem liberados com urgência.
A companhia árabe suspendeu parcialmente seus voos em setembro de 2022, mas chegou a um acordo para retomá-los depois que o Banco Central da Nigéria prometeu liberar parte dos fundos bloqueados. Contudo, essa promessa não se concretizou, levando a Emirates a cancelar todos os seus voos para a Nigéria no final de outubro de 2022.
Segundo a IATA, a Nigéria conseguiu liberar 98% dos fundos bloqueados até abril de 2024. Um mês depois, a Emirates anunciou seu retorno ao país.
Nesta quarta-feira (2), a Emirates operou seu primeiro voo para Lagos, capital financeira da Nigéria, como parte de um novo serviço diário. A companhia aérea não mencionou o impasse anterior, mas o diretor comercial da Emirates, Adnan Kazim, destacou que a retomada dos voos foi “um momento muito aguardado“.
“Estamos comprometidos em garantir o sucesso dessa rota e em contribuir para o crescimento da indústria de aviação nigeriana, oferecendo aos viajantes e às empresas mais opções e conectividade com destinos-chave de nossa rede“, afirmou Kazim.
A Emirates utilizará um Boeing 777-300 no serviço, com oito suítes de primeira classe, 42 assentos na classe executiva e 304 na classe econômica, informou o PYOK.
Durante a pandemia, a Emirates também reduziu os voos para a Nigéria devido a medidas retaliatórias, que resultaram na proibição da entrada de cidadãos nigerianos em Dubai. Na quinta-feira, a Emirates anunciou que agora oferecerá a opção de solicitação de vistos de 48 e 96 horas para passageiros em sua rota de Lagos a Dubai – uma exclusividade da companhia.
Leia mais: