Emirates teme ficar em situação delicada com a saída dos Airbus A380 da frota

Imagem: Boeing

O presidente da Emirates, Tim Clark, comentou que teme por disrupções no plano de frota da empresa aérea com sede em Dubai, caso a Boeing continue atrasando o cronograma do modelo 777X. Segundo relata o noticiário do jornal Khaleej Times, existe um plano de frota que prevê a saída de aviões antigos para a entrada de novos. Atrasos podem gerar custos de até 1,5 bilhão de dólares no retrofit da frota atual.

Não apenas isso, o “chefão” da Emirates, a companhia aérea com melhor reputação do mundo, segundo ranking recente, diz que a empresa estaria preparada até para aeronaves maiores do que o A380 (que já é o maior avião de passageiros do mundo e do qual a empresa possui 117 unidades). Para ele, na década de 2030, haverá apenas um número limitado de slots em grandes centros como Londres, Sydney, Hong Kong e Nova Iorque, fazendo com que grandes aviões sejam uma condição fundamental para o desenvolvimento da indústria.

De toda a forma, não existem projetos para aviões maiores e o próprio A380 teve sua linha de produção encerrada. Portanto, as empresas terão que trabalhar com as opções que se apresentam na mesa.

Dentre os maiores projetos da atualidade está o Boeing 777X, que dará origem ao maior avião comercial bimotor de todos os tempos. No entanto, a fabricante americana enfrenta inúmeros desafios com sua produção, com atrasos dos mais variados tipos, que empurraram o cronograma do jato para anos à frente (não há uma data certa ainda para sua entrada em operação comercial).

Não por coincidência, a Emirates postula como a maior cliente do 777X, com 115 unidades encomendadas. Mas isso deixa a empresa do Oriente Médio preocupada.

Pelos cálculos da aérea, se a Boeing seguir atrasando o cronograma do 777X, isso lhe resultará numa conta de 1,5 bilhão de dólares em manutenção extra dos superjumbos A380, bem como se retrofit, ou seja, uma reconfiguração da cabine de passageiros para que receba o mais recente produto da Emirates.

Há meses que a Emirates tem externado sua decepção com a Boeing e o cronograma do 777X. A empresa chegou a ameaçar cancelar os pedidos, mas o problema é que não há muitas outras opções na mesa.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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