Empresa aérea passa a fazer escala de 10 minutos ‘pra inglês ver’, após ter um voo direto proibido

Uma empresa aérea regional alemã está usando da criatividade para driblar uma lei imposta pelo lugar onde fica o aeroporto de destino. Para tanto, passou a incluir uma escala de dez minutos numa localidade intermediária, apenas para cumprir a regra

Desde maio deste ano, a empresa aérea Lübeck Air tem usado seu único avião do modelo ATR 72 em um voo ligando Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, a Jersey, uma pequena ilha britânica no Canal da Mancha. Os voos de duas horas e meia estavam indo bem, mas, há alguns dias, teve que começar a fazer uma escala no aeroporto de Sonderbueg, na Dinamarca.

Escala de 10 minutos

A distância de voo entre o Schleswig-Holstein e Jersey é de 1.185 km. Para um ATR 72, essa distância pode ser percorrida de forma direta sem problemas, mas uma lei de Jersey está obrigando a uma parada apenas “para inglês ver”. Em Sonderbrug, o ATR pousa e fica no solo por dez minutos antes de o voo continuar. Nesse tempo, tripulação e passageiros ficam ociosos no avião.

O portal aeroTELEGRAPH descobriu por que essa escala incomum passou a ocorrer.

Acontece que Jersey exige que um voo parta do país onde a companhia aérea que opera o voo está sediada. E isso não é legalmente o caso da Lübeck Air, que atualmente ainda é uma companhia aérea virtual. Isso significa que, apesar de vender as passagens, a empresa não voa com seu próprio Certificado de Operador Aéreo, mas sim contrata a dinamarquesa Air Alsie.

Por isso, o avião precisa fazer a parada proforma na Dinamarca, antes de seguir ao seu destino, ainda que ninguém embarque ou desembarque ali.

Imagem: GCMap

A regra por trás

Muitos poderiam suspeitar que o Brexit está por trás dessa situação, mas esse não é o caso. Acontece que a Ilha do Canal não faz parte da União Europeia e nem do Reino Unido, apesar de ser britânica, a fim de manter suas leis e o status de “paraíso fiscal”. Portanto, ela pode ter suas próprias regras de aviação e até fazer acordos bilaterais separados com cada país.

As leis da aviação são tudo menos simples, e então os envolvidos só perceberam que algo não estava certo depois que o voo já estava operando. Quando veio à tona, a liberação para a rota foi revogada por Jersey, obrigando a companhia a adotar uma solução pragmática e incluir a escala na Dinamarca. 

Isso, no entanto, deve ser temporário, já que a Lubeck Air trabalha junto às autoridades alemãs para a obtenção de seu próprio Certificado e, assim, poderá voltar a fazer os voos sem parada na promissora rota.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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