Voar mais rápido pode não significar economia, mas uma empresa aérea decidiu cortar custos ‘acelerando’ os aviões para desagrado de alguns.
O caso envolve a Kenya Airways, uma das mais proeminentes empresas aéreas da África, que tem o moderno Boeing 787 Dreamliner como seu avião símbolo. O jato configurado para 234 passageiros e é empregado em rotas de longo curto, como a que liga Nairóbi, no Quênia, a Guangzhou, na China.
Esta rota, que normalmente é feita em 10 horas e 30 minutos, estaria sendo reduzida em 1 hora pelos pilotos quenianos, que voam de acordo com a recomendação da empresa, em linha com o chamado Índice de Custo, ou CI (Cost Index).
Este índice é calculado a partir da divisão do custo do tempo (custo da hora de voo) pelo custo do combustível por galão/quilo/litro. O resultado desta equação é o CI. No vídeo abaixo, a Bianch explica como funciona esta fórmula e como ela é usada pelas empresas para otimizar os custos, assim como reduzir o tempo de voo, a depender dos valores do combustível:
Para o Boeing 787-8, as empresas europeias usam um CI que vai de 45 até 110, o que não foge muito da regra para outros aviões do mesmo porte ou até menores. No entanto, a Kenya Airways colocou o CI em 300, bem mais alto.
Com Cost Index em 300, o avião voa mais rápido por estar numa velocidade maior, mas também consome mais, igual um carro andando a 120 km/h na rodovia enquanto outro anda a 90 km/h.
O que, de início, pode parecer só aumento de custo, tem sido usado para reduzir a tripulação necessária para o voo, que segundo o jornal The East African, vai de 4 para 2 pilotos, impactando diretamente no custo da hora de voo da aeronave. Acontece que a não-rotação de tripulação teria causado uma fadiga maior nos pilotos e estaria comprometendo a segurança de voo, segundo denúncia do sindicato local de pilotos.
A Kenya Airways, por sua vez, se defende, e afirma que é uma prática comum e que faz parte do combinado: “operamos voos para Londres, Amsterdã, Paris e estávamos voando para Bangkok e Hanói com apenas um comandante e um primeiro-oficial, e estes voos têm uma jornada de no máximo 12 horas, igual ao voo para a China com velocidade aumentada. O acordo entre a empresa e o sindicato permite voos de até 10 horas e 30 minutos com apenas dois pilotos, e todos os voos são feitos de acordo com a lei do Quênia e de acordo com os manuais da Boeing, dentro dos acordos sindicais”, afirmou Paul Njoroge, diretor de operações da Kenya Airways.
O debate continuará por um tempo. Aparentemente, e em linha com o que diz o Sindicato, o aumento na velocidade teria sido usado para permitir que o voo fosse feito com apenas dois tripulantes com uma folga maior para possíveis desvios ou pouso em aeroporto de alternativa, além de reduzir o tempo de descanso em hotel nos bate e voltas para a China.