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Enquanto Europa combate voos curtos, Iberia destaca a renda e os empregos gerados por tais voos

Airbus A320 da Iberia

Enquanto se espalha pela Europa a nova ideia de condenar rotas aéreas de curtas distâncias em que haja a opção de viagem por trem, a companhia aérea espanhola Iberia publicou, nesta semana, dados que mostram os benefícios gerados ao país pelos voos domésticos.

A Espanha, por sinal, caminha para ser mais um país a definir a proibição dos voos nessa condição, assim como o fez recentemente a França, o que parece ser a motivação da apresentação dos dados feita pela empresa aérea nesta semana.

Segundo a Iberia, as rotas domésticas são essenciais para a conectividade dentro da Espanha e também no exterior, além de contribuir significativamente para a geração de riqueza e emprego em nosso país.

Segundo um estudo realizado pela PwC para a Iberia, por cada milhão de passageiros que utilizam estes voos, são gerados 102 milhões de euros de PIB e 1.852 postos de trabalho em tempo integral.

Para além da contribuição para o crescimento da Espanha, o papel dos voos de curta distância é insubstituível neste momento no país, segundo afirma Beatriz Guillén, Diretora de Vendas Globais da Iberia. “Até que haja um verdadeiro sistema intermodal que permita uma conexão eficiente dos aeroportos com trens de alta velocidade, é impossível substituir os voos de curta distância por viagens ferroviárias. Sem voos domésticos, não é possível atender à demanda de milhões de viajantes que precisam se conectar com seus voos de média e longa distância.”

Rotas de curta distância com uma alternativa de alta velocidade

A consultora PwC estudou as cinco rotas da Iberia que têm alternativa ferroviária com cerca de duas horas e meia de viagem. São elas: Madri-Barcelona, ​​Madri-Málaga, Madri-Valência, Madri-Alicante e Madri-Sevilha.

O desenvolvimento do transporte ferroviário de alta velocidade nestas cinco vias já implicou uma perda de participação do segmento aéreo e uma redução da frequência de voo. Os viajantes têm substituído o avião pelo trem de alta velocidade para aquelas viagens em que o meio terrestre oferece uma alternativa satisfatória, principalmente ponto a ponto.

Com isso, entre 2007 e 2019, o número de passageiros que viajaram de avião nas cinco rotas estudadas diminuiu mais da metade, passando de 8,97 para 4,06 milhões.

A Iberia manteve principalmente os voos que permitem a conexão de passageiros que vão em viagens de longo curso. Entre 2003 e 2022, a frequência de voos foi reduzida em média 64% nas cinco rotas estudadas.

No entanto, os voos de curta distância continuam a ser essenciais para transferir passageiros para o hub espanhol, o Aeroporto Barajas, em Madrid, de onde a Iberia e outras companhias aéreas conectam a Espanha com destinos internacionais, especialmente na América Latina e nos Estados Unidos.

O impacto positivo na economia

A consultora PwC calcula que por cada milhão de passageiros que viajam em um voo doméstico na Espanha, são gerados 102 milhões de euros para a economia do país: 40,4 milhões de euros dos setores relacionados com a aviação e 61,6 milhões de euros do turismo e atividades relacionadas.

Além disso, esses milhões de passageiros geram 1.852 empregos em tempo integral: 626 em setores ligados à aviação e 1.226 em turismo e setores correlatos.

O relatório da PwC também mostra como, segundo estudos especializados, um aumento de 10% na oferta de assentos de avião aumenta o investimento estrangeiro direto em 4,7%, as exportações em 2,5%, o turismo em 4% e também em 4% o número de sedes de grandes empresas na área de influência do aeroporto.

As cinco rotas estudadas contribuíram com 329 milhões de euros para o PIB espanhol em 2022: 130 milhões de euros do setor de aviação e 199 milhões de euros de setores complementares, como hotéis, restaurantes e lazer.

Além disso, essas cinco rotas geraram 5.980 empregos em tempo integral em 2022: 2.021 no setor de aviação e 3.959 em setores relacionados.

Além de prejuízos econômicos significativos, uma hipotética eliminação dessas rotas reduziria a conectividade nacional e internacional nas áreas periféricas da Espanha e aumentaria o risco de migração de passageiros para outros aeroportos internacionais, o que enfraqueceria o hub Madrid-Barajas em favor de outros, como os de Paris e Frankfurt. Isso também aumentaria os riscos ambientais e a emissão de carbono, pois resultaria em mais quilômetros por voo e mais emissões de CO2.

A melhor alternativa é uma viagem intermodal eficiente

Segundo a Iberia, antes de considerar a possibilidade de substituir voos de curta distância por viagens ferroviárias de alta velocidade, um sistema intermodal eficiente teria que ser projetado e implantado para garantir a conectividade de passageiros de média e longa distância.

Em 2022, cerca de 4 milhões de passageiros fizeram rotas de curta distância chegando de Barcelona, ​​Alicante, Málaga, Sevilha e Valência ao aeroporto de Madrid-Barajas. Mais da metade deles usou essas rotas para se conectar com outros voos, principalmente voos internacionais de médio e longo curso. 

Para atender a esse volume de passageiros, seria necessário levar ao aeroporto, no mínimo, entre oito e dez linhas de alta velocidade a cada hora, coincidindo com as janelas de embarque e desembarque dos voos. É um cenário do qual a Espanha ainda está longe, mas que pode chegar perto de concretizar com os investimentos adequados.

A aviação doméstica gera menos de 1% das emissões de CO2

Neste momento, as emissões de CO2 do setor da aviação nacional na Espanha representam menos de 1% das emissões totais no país.

A aviação reduziu as emissões nos últimos anos graças aos investimentos em tecnologias que melhoram a eficiência das operações, bem como a aposta incontestável na renovação das frotas das companhias aéreas, levando a uma redução das emissões entre 15% e 20%, na frota de curta distância.

Teresa Parejo, Gerente de Sustentabilidade da Iberia, destaca que “o setor da aviação continuará reduzindo suas emissões graças às melhorias tecnológicas e, em particular, ao aumento gradual do uso do SAF – combustível sustentável de aviação – que reduz as emissões em até 90% ao longo do seu ciclo de vida, desde a produção até ao consumo. A IAG e, claro, a Iberia comprometem-se a utilizar 10% de SAF nos seus voos até 2030.”

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