Sabe a enrolada história do 747 das ilhas Granadinas? Então, ela não deu certo

Alguns meses atrás, apresentamos aqui o caso de uma pequena companhia aérea regional, em um pequeno conjunto de ilhas e com um gigante Boeing 747: a combinação perfeita de uma enrolada história no Caribe!

Boeing 747 São Vicente e Granadinas
O Boeing 747 chegando às ilhas do Caribe

Naquele momento, a companhia aérea One Caribbean havia acabado de receber uma aeronave Boeing 747-400 de 20 anos de idade, planejando lançar voos sem escala entre sua base no Caribe e destinos ao redor do mundo.

A pequena companhia aérea regional é baseado no Aeroporto Internacional de Argyle, na nação insular de São Vicente e Granadinas, e operava apenas um pequeno Beech 1900D (semelhante ao da foto abaixo), principalmente para voos fretados.

Beech 1900D Twin Jet
Beech 1900D Twin Jet -Imagem: Pedro Aragão

Grandes planos, mas um pequeno problema

E no que parecia ser uma tentativa corajosa de expandir suas operações, a One Caribbean recebeu o 747 ex-China Airlines registrado como N508BB (matrícula recebida quando foi estocado nos Estados Unidos), com intenções de lançar voos para os EUA e sem escalas para os Emirados Árabes Unidos.

N508BB Voo Phoenix Argyle
Voo de 747 de Phoenix para Argyle – Imagem: FlightAware

Mas naquele momento os planos da One Caribbean de diversificar a frota estavam travados devido à apreensão da Autoridade de Aviação Civil do Caribe Oriental (ECCAA) sobre o registro do Jumbo.

A ECCAA reconhecia que a aeronave estava “fisicamente em São Vicente e programada para ter seu registro transferido”, no entanto, a autoridade também admitia que ainda não havia registrado o Boeing 747 porque estava “trabalhando com cuidado”.

Isso porque a ECCAA tem um “trauma” com problemas associados ao seu registro, em 1998, de um DC-10 para a extinta operadora Skyjet. Apesar da adição do DC-10 ao registro nas ilhas de Antígua e Barbuda, a aeronave ficou baseada na Bélgica e era alugada a outras companhias.

Quatro anos depois, a FAA decidiu que este modelo de operação violava seus protocolos. Em consequência, a FAA retirou a ECCAA da sua lista de autoridades da Categoria 1. Com isso em mente, desta vez a ECCAA estava adotando uma “abordagem em duas etapas” para registrar o 747-400 de São Vicente.

Mas, parece que não saiu como previsto

Parecia que aos poucos a situação avançaria, mas, no mês passado, a One Caribbean abandonou os planos de operar a aeronave Boeing 747-400 “devido a circunstâncias fora do controle [da companhia aérea]”, disse a companhia aérea caribenha ao ch-aviation.

Reduzindo drasticamente seus arrojados planos, a empresa resolveu lançar outras operações com uma aeronave Saab 340B, semelhante à da imagem a seguir.

Transwest Air Saab 340
Saab 340 – Imagem: Jennoit / Jenn

O turboélice de matrícula 8P-OCL já havia sido transladado para o aeroporto Argyle em 31 de maio de 2019 e permanecia armazenado lá desde então.

Quanto ao Jumbo, a aeronave que havia sido transportada para Argyle em maio de 2019, e registrada com a matrícula 8P-ERI, foi posteriormente levada à capital de Barbados, Bridgetown, em 30 de junho e, por fim, transportada para Kansas City, nos Estados Unidos, em 10 de agosto de 2019.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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