Escassez nos EUA leva aéreas a buscarem pilotos em outros países, incluindo no Brasil

Pilotos Avião DHC-6-400 Cockpit Cabine
Imagem: CC0 Domínio Público

Um dos setores mais afetados durante os dois primeiros anos de pandemia foi o da aviação. Com a reabertura das fronteiras e com boa parte da população mundial vacinada, o número de voos ao redor do mundo voltou a ter alta demanda e, em muitas localidades, maior ainda do que em períodos pré-pandemia.

Com isso, tem crescido a demanda por profissionais desse setor nos Estados Unidos, principalmente pilotos. Segundo o Sindicato de pilotos americanos (Air Line Pilots Association – ALPA), as principais companhias aéreas do país anunciaram planos para contratar entre 12 mil e 13 mil profissionais entre 2022 e 2023, e aproximadamente 8.000 em 2024.

Para conquistar uma oportunidade no mercado americano, o piloto brasileiro Adriano Leon comentou como fez para conquistar um Green Card e preencher uma das vagas no país.

“Fui piloto da extinta Varig e da Latam no Brasil. Em 2007 me mudei para o Catar, onde passei de copiloto para piloto, além de me tornar instrutor de voo”, conta Leon.  “Em 2019 a minha família voltou para o Brasil, por este motivo procurei conseguir o Green Card para me mudar para os Estados Unidos e levar todos para morarmos juntos novamente. Só não poderia imaginar que meu pleito seria aprovado em apenas 49 dias”, comemora o piloto.

Por sua vez, Wagner Pontes, CEO da D4U, uma assessoria imigratória que ajuda profissionais a terem a documentação normalizada para poderem viver em outros países, comentou o tema: “Tem crescido a procura de pilotos brasileiros que buscam os nossos serviços e querem trabalhar permanentemente nos Estados Unidos”, explica. “Além de contar com uma remuneração melhor, esses profissionais terão à disposição todo um ecossistema de benefícios, que viver nos Estados Unidos proporciona”, explica Pontes.

O principal motivo da falta de pilotos nos Estados Unidos está diretamente relacionado a um tema histórico, que é o custo de formação versus as oportunidades disponíveis em outros setores da economia pagando mais, o que faz muitos pretendentes a aviadores a desistirem de seus sonhos em busca de uma condição econômica melhor.

No entanto, isso não significa que os salários de pilotos sejam tão baixos que ninguém queira voar, pelo contrário, nos EUA há muitas dezenas de milhares de profissionais voando todos os dias. O ponto é que esse contingente não basta para atender à demanda das empresas aéreas, que têm aumentado rendimentos e dado bônus em alguns casos para atrair mais interessados na carreira.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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