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EUA irão permitir que diabéticos se tornem pilotos de aviões comerciais

A Agência de Aviação Civil dos EUA, a FAA, está prestes a permitir que diabéticos se tornem pilotos comerciais, mesmo que precisem da aplicação de insulina.

Foto: American Airlines

Em uma mudança drástica, iniciada por um piloto que foi à justiça contra a agência de aviação, os EUA deverão liberar, de vez uma vez por todas, que diabéticos assumam o comando de uma aeronave comercial, mesmo que a aplicação de insulina faça parte do seu tratamento.

A doença é causada pela produção insuficiente ou má-absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.

O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.

Mudança histórica

Desde 1996, pilotos que aplicam insulina podem voar nos EUA, desde que sejam em voos privados. Isto tem impedido que esses comandantes sigam carreiras na aviação comercial.

A FAA temia que os pilotos diabéticos sofressem de uma crise causada pela alta ou baixa de açúcar no sangue, o que poderia levar para uma situação de emergência caso o piloto ficasse inconsciente.

Os episódios de hipoglicemia são particularmente perigosos, podendo causar vertigens e tremores. “Um episódio deste pode comprometer funções cognitivas, levar a convulsões, inconsciência e até a morte, colocando em risco a vida de diversas pessoas a bordo”, afirmou a FAA em recurso na corte.

Porém, a agência reconhece que avanços na medicina para o tratamento e controle da doença mitigaram este risco. E agora os pilotos poderão obter um certificado médico aeronáutico de 1ª classe, necessário para voar comercialmente.

Ainda assim, será necessário que o piloto sempre voe acompanhado de outro piloto, além de apresentar um detalhado histórico médico na hora de fazer a perícia para obter o certificado médico. Neste histórico deverá constar que a pessoa é capaz de controlar o nível de insulina no corpo de maneira adequada.

As maiores associações de pilotos dos EUA, a AOPA e a APLA, elogiaram a decisão, que tem sido uma batalha de muitos anos. Os parâmetros exatos de do nível de glicemia a ser aceito ainda não foram definidos pela FAA.

Como é no Brasil

Segundo a doutora Tatiana Trigo, do Canal Piloto, a ANAC tem alguns limites para pilotos diabéticos. No Regulamento de Aviação Civil 67 (RBAC 67), que trata de requisitos médicos para pilotos, são estabelecidos alguns critérios em relação ao Diabetes e também para valores glicêmicos.

“O candidato que tem diabetes melito não tratada com insulina poderá ser considerado apto, a critério do examinador ou da ANAC, desde que seja comprovado que seu estado metabólico possa controlar-se de maneira satisfatória somente com dieta, ou dieta combinada com ingestão por via oral de medicamentos antidiabéticos, cujo uso seja compatível com o exercício seguro das atribuições do tripulante em voo, ou seja, que a medicação não tenha efeitos colaterais que possam interferir na segurança de voo”, diz ela.

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