A Qantas enfrenta uma “aguda perda de confiança” da comunidade com uma série de escândalos recentes, por isso surpreendeu a imprensa e uma parte da opinião pública australiana descobrir que o ex-CEO Alan Joyce recebeu um bônus anual de US$ 14,1 milhões. A informação sobre a remuneração de executivos deve ser pública em empresas abertas e foi divulgada no relatório anual da empresa.
Joyce aposentou-se dois meses antes do prazo previsto numa tentativa de salvar a reputação da companhia aérea, que foi posta em xeque depois que os reguladores de concorrência australianos a acusaram de vender passagens para milhares de voos que já haviam sido cancelados.
Além disso, a Qantas estava sob pressão sobre o seu desempenho pós-pandemia de voos atrasados ou cancelados, perda de bagagem e como tratou os funcionários durante a pandemia, trocando-os por terceirizados, em um potencial descumprimento à Lei australiana, o que está sendo analisado em tribunal.
Sobre esse assunto, a companhia aérea perdeu recentemente um recurso no Tribunal Superior que decidiu que a companhia despediu ilegalmente um grupo de trabalhadores em terra para terceirizar seus empregos para mão de obra mais barata.
Em relação ao enorme bônus salarial de Joyce, a Qantas admite que podem haver restituições por parte do executivo por conta dos escândalos.
Uma dessas deduções do bônus se daria em decorrência da ação de classe dos clientes prejudicados pela venda dos voos cancelados. Por conta disso, o executivo teria tirado nota zero de desempenho no quesito “satisfação do cliente”, um dos que são considerados para definir seu bônus (quanto mais alta a satisfação, mais o executivo recebe).
No total, a empresa disse que pode reter mais alguns milhões do bônus de Joyce por diversos fatores ligados às polêmicas com a empresa. De qualquer forma, ele ainda vai sair da empresa com muitos milhões no bolso, sem contar os que já ganhou ao longo de sua trajetória na empresa.
