
Um ex-funcionário da Boeing afirma ter entregado ao FBI documentação detalhando os trabalhos realizados no painel do 737 MAX 9 da Alaska Airlines que sai voando durante um serviço comercial de passageiros. A fabricante americana havia declarado que esses documentos não existiam.
As declarações de Ed Pierson foram recebidas por um subcomitê do Senado na última quarta-feira. Pierson alega ter entregue aos investigadores federais documentação que confirma os trabalhos realizados pela Boeing no avião que sofreu um grave incidente em 5 de janeiro passado, conforme reporta o Aviacionline.
Este incidente colocou novamente a Boeing e seu produto principal, o 737 MAX, sob escrutínio, desencadeando uma crise de confiança na qualidade e confiabilidade do avião mais vendido da empresa.
Pierson declarou: “Existem registros detalhados do trabalho realizado no avião da Alaska Airlines, e os executivos da Boeing também sabem disso. Sei que essa documentação do avião da Alaska existe porque a entreguei pessoalmente ao FBI.”
“Em minha opinião, trata-se de um encobrimento criminoso”, acrescentou na audiência, fazendo referência ao fato de que os documentos foram apresentados por um denunciante interno da Boeing e estão nas mãos da Junta Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) há meses.
O incidente
Em 5 de janeiro de 2024, um Boeing 737-9 da Alaska Airlines perdeu um painel da fuselagem em pleno voo. Esse painel sela uma saída de emergência usada quando a configuração do avião excede 200 passageiros.
Como resultado da investigação realizada pela NTSB, foi revelado que a causa do desprendimento do painel foi a falta de quatro pinos de fixação. Esses pinos não foram colocados pelo fabricante durante o processo de fabricação.
A Boeing não apresentou documentação que comprove que algum trabalho foi realizado no painel durante o processo de montagem, segundo um porta-voz da NTSB. A ausência desses documentos é uma grave violação dos procedimentos de produção do fabricante americano, além de não poder determinar com precisão a falta dos pinos e seus responsáveis.
A Boeing possui dois tipos de registros: um formal que lista os trabalhos realizados durante o processo de montagem que necessitaram da abertura da tampa da porta, e outro informal que serve como canal de comunicação interna.
Sem este registro, os inspetores de qualidade da Boeing não podem verificar os trabalhos realizados na aeronave nem detectar a falta de componentes ou, neste caso, os parafusos.
A NTSB perante o Congresso
Mais declarações contraditórias surgem sobre o registro do trabalho no painel da porta do 737-9 da Alaska Airlines. A presidente da NTSB, Jennifer Homendy, prestou declarações no Congresso ratificando as declarações da Boeing.
Em 10 de abril passado, Homendy declarou ao Congresso que a Boeing apresentou toda a documentação solicitada pelo órgão e que a empresa está ciente de que o registro de trabalho na aeronave não existe.
Consequências para a Boeing
O acidente com o 737 MAX da Alaska Airlines questionou a qualidade do produto principal da Boeing, levando a empresa americana a uma investigação criminal pelo Departamento de Justiça.
Por outro lado, a Administração Federal de Aviação (FAA) reduziu o ritmo de produção da família 737 MAX até que a Boeing garanta o cumprimento dos padrões de fabricação estabelecidos e das normas de qualidade vigentes.
A limitação na produção do 737 MAX tem como prazo final os últimos dias de maio. Durante este período, a Boeing deverá elaborar um plano de melhoria para os processos de produção e controle de qualidade do 737 MAX.
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