
O Exército Brasileiro está se preparando para possíveis mudanças geopolíticas e busca adquirir drones que não sejam suscetíveis a interferências dos Estados Unidos.
Em uma Consulta Pública aberta na semana passada, o Escritório de Projetos do Exército (EPEx) especificou que os drones a serem adquiridos devem “estar prontos para comercialização sem restrições relativas ao International Traffic in Arms Regulations (ITAR)”.
O ITAR é uma regulamentação americana que impede empresas locais de fornecerem a empresas estrangeiras componentes essenciais de armamentos, como motores, sistemas de mira, blindagem e estruturas básicas.
Como os EUA são o maior fornecedor de armas do mundo, muitos produtos, mesmo fabricados fora do país, contêm itens essenciais produzidos por empresas americanas.
Um exemplo é o caça Gripen, que utiliza motores de fabricação americana, assim como o A-29 Super Tucano da Embraer, cuja venda para a Venezuela já foi vetada por estar sujeito ao ITAR. No setor aeronáutico, apenas alguns produtos de defesa da Airbus e da Dassault não estão sujeitos a essa regulamentação.
Com receio de mudanças nas políticas de venda por parte do governo dos EUA, agora sob a liderança de Donald Trump, o Exército Brasileiro tem seguido a estratégia adotada por países como Canadá e Portugal, buscando alternativas fora do ITAR.
Segundo o Estadão, além de não estar sujeito ao ITAR, o drone a ser adquirido deve ter peso máximo de decolagem (MTOW) de 700 kg, teto operacional de 18 mil pés (5.500 m) e autonomia de voo para até 300 quilômetros, podendo transportar quatro foguetes de 70 mm (os mesmos usados no helicóptero Airbus H125/HA-1 Esquilo) ou dois mísseis, possivelmente do tipo Spike ou Hellfire.
Curiosamente, um dos modelos mais próximos dessas especificações é o Hermes 450, fabricado pela israelense Elbit. No Brasil, a empresa está presente por meio da AEL Sistemas, uma joint-venture com a Embraer.
Esse drone já é operado pela Força Aérea Brasileira, é fabricado inteiramente em Israel – incluindo motores e sensores – e tem capacidade para transportar até quatro mísseis Spike. No entanto, até o momento, o Brasil ainda não armou nenhum de seus veículos aéreos não tripulados.
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