
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) publicou uma nova Diretiva de Aeronavegabilidade (AD 2025-02-09) que se aplicará a todos os modelos da aeronave Embraer EMB-120, incluindo as versões -120ER, -120FC, -120QC e -120RT.
Como informa o Aviacionline, essa regulamentação, que entrará em vigor em 18 de março de 2025, foi motivada por uma análise estrutural que identificou um risco de fissuras na união longitudinal da fuselagem, especificamente entre os quadros 22 e 23.
Para mitigar esse risco de falhas estruturais, a diretiva exige que inspeções regulares de corrente de alta frequência (HFEC) sejam realizadas nas áreas afetadas, tanto internamente quanto externamente à fuselagem.
Caso sejam encontradas fissuras, corrosão, arranhões ou outros danos, os reparos deverão ser realizados conforme a aprovação da FAA, da ANAC ou de uma Organização de Aprovação de Projeto (DOA) delegada pela Embraer.
Os prazos estabelecidos para conformidade com a nova diretiva são:
- Antes de atingir 50.000 ciclos de voo, ou
- Dentro de 800 ciclos após a entrada em vigor da diretiva, o que ocorrer por último.
As inspeções serão repetitivas, com o objetivo de monitorar possíveis deteriorações na estrutura da fuselagem ao longo do tempo.
A Embraer, fabricante brasileira do EMB-120, solicitou uma prorrogação nos prazos de conformidade, argumentando que o risco de aparecimento de fissuras é inferior a 1% antes de 60.000 ciclos de voo. A empresa sugeriu adiar as inspeções iniciais para esse limite ou para dentro de 2.000 ciclos de voo após a implementação da diretiva.
Contudo, a FAA rejeitou esse pedido, afirmando que a ANAC havia estipulado intervalos de inspeção baseados em testes de fadiga em escala real e em uma abordagem conservadora para análise de danos estruturais. A conclusão da agência foi de que os limites atuais são essenciais para garantir a segurança da aeronave.
Estima-se que 51 aeronaves registradas nos EUA estarão sujeitas a esta nova diretiva. Cada inspeção exigirá cerca de quatro horas de trabalho, com um custo estimado de US$ 85 por hora, resultando em aproximadamente US$ 340 por ciclo de inspeção por aeronave. O custo total estimado para todas as operadoras dos EUA será de cerca de US$ 17.340 por ciclo de inspeção.
Os operadores têm a obrigação de comunicar os resultados das inspeções à ANAC e à Embraer no prazo de 30 dias após a realização da avaliação, independentemente de a inspeção ter sido efetuada antes ou depois da entrada em vigor da diretiva.
Nos Estados Unidos, duas das principais companhias aéreas que ainda operam o EMB-120 Brasília são a Ameriflight e a Freight Runners Express. A Ameriflight, com sede em Dallas/Fort Worth, é a maior companhia aérea de carga sob a Parte 135 da FAA e conta com 14 unidades do EMB-120ER Brasília, usadas principalmente para serviços de carga regulares e fretados.
A Freight Runners Express, com sede em Milwaukee, opera uma combinação de aeronaves de passageiros e carga, com uma frota ativa de EMB-120, incluindo quatro versões de carga EMB-120ER(F) e duas versões de passageiros EMB-120(ER).
Além disso, outras companhias aéreas dos EUA que operavam anteriormente o EMB-120, como a SkyWest Airlines, já retiraram esse modelo de suas frotas, destacando os desafios que o mercado enfrenta com a sustentabilidade e a manutenção da frota de aeronaves mais antigas.