FAA renova acordo com a Boeing por prazo menor que o esperado e quer estar próxima

David Axe, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

A autoridade de aviação americana está exigindo mais mudanças da Boeing. Em comunicado ao qual a imprensa americana teve acesso, a Administração Federal de Aviação (FAA) disse que está estendendo um acordo com a fabricante, mas por um período menor do que o esperado.

Trata-se de um sistema chamado ODA, um acrônimo para Organization Designation Authorization. Nesse processo, a FAA delega tarefas de supervisão aos funcionários das empresas sob sua supervisão. Essas empresas, por sua vez, contratam pessoas para fazer isso e lhes deve dar total independência.

O acordo ODA da Boeing com a FAA está prestes a expirar. A fabricante de aeronaves queria estendê-lo por cinco anos, mas as autoridades não concordaram e só o estenderam por três. Durante esse período, eles verificarão se a Boeing está “fazendo as melhorias necessárias” e garantirá que “os funcionários possam agir sem interferência”, escreveu a FAA à Boeing, segundo a agência de notícias Reuters.

O ponto é que a Boeing ainda passa por uma crise de credibilidade, sobretudo porque as investigações do caso do 737 MAX e nos problemas mais recentes com o 787 Dreamliner, mostraram que a empresa teria pressionado os membros o ODA a validarem produtos, mesmo que eles não estivessem totalmente confiantes para tal. Isso fez com que o ODA fosse duramente criticado pelo público e congressistas.

A própria FAA se viu sob pressão. Em dezembro passado, o Senado dos EUA alertou a autoridade nacional de aviação para monitorar melhor a aprovação de novos modelos da Boeing. 

No meio de 2021, a entidade declarou que “a cultura corporativa da Boeing parece impedir que os membros da unidade da ODA se comuniquem abertamente com a FAA”. Além disso, a FAA sinalizou que a estrutura organizacional da fabricante teria uma forte influência sobre como os membros da unidade de ODA são nomeados e como eles podem desempenhar suas funções. Isso, naturalmente, oferece muitas oportunidades de interferência e conflitos de interesses.

A Boeing disse na época que estava levando o assunto muito a sério e estava tomando medidas imediatas. Atualmente, a fabricante diz que está enfatizando a cooperação transparente com a FAA e a manutenção de processos de supervisão detalhados e rigorosos. Um dos movimentos recentes foi a mudança de todos os executivos do alto escalão, de Chicago para uma localidade próxima da capital, Washington DC.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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