O Reino Unido está potencialmente a menos de um mês de deixar a União Europeia, no chamado Brexit, sem um acordo. E isso pode significar uma grave perturbação nos portos do país, o que é uma má notícia para muita gente, especialmente para os fabricantes de automóveis.
Os cronogramas de produção ‘just in time‘, ou seja, que não deixam carros prontos em estoque, mas sim produzem sob demanda, não funcionam tão bem quando seu embarque de peças precisa ficar parado em demorados processos portuários. Isso porque se prevê que importantes portos ficarão travados diante da alta demanda de processos após o fim da livre circulação entre o Reino Unido e a União Europeia.
Então a Bentley, uma das que utiliza o método de produção, tem uma variedade de planos de contingência preparados. Um deles envolve cinco aeronaves de carga Boeing 747 que a empresa tem em reserva por meio de um acordo de ‘timeshare‘, relata o The Guardian.
‘Timeshare‘ é uma forma de propriedade compartilhada na qual os direitos de usar a propriedade são conferidos a vários proprietários por um período especificado a cada ano.
A aviação é reconhecidamente muito mais eficiente na agilidade do transporte e da liberação de cargas na maior parte do mundo, gerando um ganho significativo em relação ao meio naval.
“Estamos prestes a pular de um penhasco com um pára-quedas que não foi testado”, disse o CEO da fabricante, Adrian Hallmark, sobre o Brexit, em uma conferência organizada pelo Financial Times, acrescentando: “Então preferimos não pular do penhasco em absoluto com um pára-quedas”.
A Bentley afirma que “vários aviões” estão em espera, mas descreve a mudança como “um plano de backup final e não prevemos ter de usá-los”. Não há informações sobre alguma empresa aérea ou provedor de serviço logístico específico que tenha sido contratado.
Outras soluções incluem o roteamento de importações por meio de variados portos e um grande aumento na capacidade de armazenamento. Normalmente, apenas dois dias de peças de importação seriam estocados, mas agora, a Bentley tem o suficiente para abastecer 14 dias de produção. Noventa por cento das peças que usa chegam do exterior.
De qualquer forma, a Bentley parece bem preparada, uma vez que, como um fabricante de baixo volume que fabrica modestos 11.000 carros por ano, tem flexibilidade para implementar várias contramedidas.
A situação fica mais crítica, por exemplo, para uma instalação como a fábrica da Nissan, em Sunderland, que utiliza o mesmo modelo de fabricação e produziu 346.535 veículos no ano passado.
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