Falha no Boeing 777 tem levado a voos com menos combustível do que indicado ao piloto

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Um problema no sistema de indicação da quantidade de combustível de aeronaves Boeing 777, que causou diversos desvios de voos, levou a agência reguladora americana (FAA) à emissão de uma Diretiva de Aeronavegabilidade (AD) nessa quarta-feira, 3 de junho.

Avião Boeing 777-300ER
Imagem: Boeing.

De acordo com a Diretiva, os operadores do Boeing 777 terão de validar a precisão do Sistema de Indicação de Quantidade de Combustível (FQIS) das aeronaves equipadas com tanque central com capacidade para ou acima de 26.100 galões (US).

Segundo a FAA, a questão afeta somente o tanque central da asa do modelo. Nos EUA, a agência estima que esta AD afetará 255 aeronaves Boeing 777, nas versões -200, -200LR, -300, -300ER, e -777F.

A emissão da diretriz foi provocada por relatos, recebidos pela FAA, de discrepância apresentada pelo FQIS com relação à quantidade de combustível fornecida no momento dos abastecimentos, seguida de casos de mensagens de alerta do sistema de combustível (Fuel Disagree) nos estágios iniciais do voo (a FAA cita caso ocorrido até três horas após a decolagem).

Segundo a agência, pelo menos 25 eventos do tipo foram reportados por operadores. Destes, dezesseis aeronaves optaram por continuar o voo, porém, apenas seis delas conseguiram chegar ao aeroporto de destino, enquanto as outras 10 pousaram em aeroportos alternativos.

A falha no sistema

De acordo com o regulador americano, o que leva ao abastecimento do tanque central da asa com quantidade insuficiente de combustível é uma falha no projeto do FQIS.

O sistema tem um problema na coleta de dados, relacionado à velocidade do fluxo de combustível no abastecimento do tanque central da asa, o que por sua vez leva ao cálculo incorreto da densidade do combustível.

Este cálculo incorreto da densidade do combustível resulta numa indicação, no sistema da aeronave, de uma quantidade de combustível diferente da quantidade que realmente está no tanque.

A FAA reporta que, na maioria dos casos, a quantidade de combustível exibida no sistema de indicação é maior do que a quantidade de combustível real dentro do tanque, resultando em menos combustível na aeronave do que o requerido para a missão.

Essa situação, combinada com a decisão da tripulação de continuar o voo, pode levar a desvios, fazendo com que a aeronave tenha que seguir para um aeroporto alternativo por risco de ficar sem combustível.

A agência alerta que a situação “pode resultar em um avião liberado com combustível insuficiente carregado no CWT (tanque central da asa) e com a tripulação de voo não consciente da quantidade insuficiente de combustível antes da partida. Esta condição, juntamente com o voo continuado para o aeroporto de destino após receber mensagens do sistema de indicação do motor e de alerta da tripulação (EICAS) durante o percurso, pode resultar em esvaziamento do combustível e subsequente perda de potência dos motores.”

Medidas corretivas

A Boeing está desenvolvendo uma correção permanente para o problema, mas, enquanto isso, a FAA determinou, através da AD, que os operadores realizem um novo processo de validação do FQIS dentro de 30 dias e também após qualquer reabastecimento do tanque central da asa.

A documentação de cada verificação deve ser fornecida às tripulações de voo, para que estas estejam cientes de que a validação foi feita. A FAA também está exigindo que os operadores documentem seus procedimentos gerais de validação do FQIS e os enviem à agência.

Mais um capítulo na atualmente conturbada relação entre a FAA e a fabricante de Seattle.

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